Em 11 de novembro, teve início o Seminário de Vigilância Laboratorial de Infecções Bacterianas na Rede Nacional de Laboratórios de Saúde Pública, promovido pelo Ministério da Saúde. O evento, que reúne especialistas de diferentes áreas da saúde pública, abordará, durante três dias, temas importantes para a saúde pública brasileira, como infecções bacterianas de transmissão hídrica e alimentar; resistência aos antimicrobianos; vigilância de doenças, como meningites bacterianas, difteria, coqueluche e brucelose; e o monitoramento genômico na rede PulseNet da América Latina e Caribe.
A abertura do seminário contou com a participação de autoridades e especialistas do setor, como o secretário-adjunto de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Rivaldo da Cunha, que ressaltou a importância dos laboratórios de saúde pública no sistema de saúde brasileiro. “A Rede Nacional de Laboratórios de Saúde Pública é um patrimônio do Sistema Único de Saúde (SUS), e sua contribuição é fundamental para o enfrentamento de diversas situações como, por exemplo, surtos de doenças bacterianas e arboviroses”, destacou.
Rivaldo da Cunha lembrou da relevância do diagnóstico laboratorial não apenas para infecções bacterianas, mas, também, para o acompanhamento de infecções por protozoários, vírus e outros patógenos: “Os laboratórios centrais, como o Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen), têm papel fundamental no apoio às unidades de saúde e na formação de profissionais de saúde em todo o país”.
Inovação na vigilância
A coordenadora-geral de Laboratórios de Saúde Pública (Cgbal/SVSA), Marília Santini, também enfatizou a importância do evento e da inovação na forma de conduzir as discussões. “Nosso objetivo com este seminário é integrar as diferentes áreas de atuação dos laboratórios de saúde pública, criando um espaço de aprendizado coletivo. Em vez de realizar eventos fragmentados, reunimos temas relevantes, como as infecções bacterianas de origem alimentar, a resistência antimicrobiana e o papel crucial da vigilância laboratorial”, explicou.
Marília Santini falou da escolha das infecções bacterianas como tema inicial, já que essas doenças frequentemente não possuem uma estrutura de vigilância específica, tornando o diagnóstico e a investigação laboratorial ainda mais essenciais para a resposta a surtos e epidemias. A vigilância de agentes como o Streptococcus pyogenes – que recentemente causou surtos em algumas regiões – foi um dos pontos altos da discussão.
Colaboração
A coordenadora de Vigilância em Saúde e Laboratórios de Referência da Fiocruz, Tânia Fonseca, ressaltou a importância das parcerias entre diferentes laboratórios e instituições. “A colaboração entre os Lacen e os laboratórios de referência, como o da Fiocruz e Adolfo Lutz, é essencial para uma vigilância eficaz. A integração das informações e a atuação conjunta facilitam a identificação precoce e a resposta rápida a surtos”, afirmou Tânia.
Ela também enfatizou a importância de se discutir não apenas a resistência antimicrobiana, mas, também, as questões regionais, já que muitos laboratórios enfrentam desafios diferentes dependendo da localidade. “Em alguns estados, os profissionais são os mesmos que atuam em várias áreas, como bacteriologia, virologia e protozoários. Portanto, uma abordagem integrada ajuda a desenvolver políticas públicas mais eficazes”, concluiu.
Seminário
O seminário segue até o dia 13 de novembro e representa uma oportunidade para os profissionais de saúde discutirem as melhores práticas e as novas tecnologias aplicadas à vigilância laboratorial de infecções bacterianas. A expectativa é que as discussões e conclusões do evento contribuam para o aprimoramento contínuo das ações de vigilância no país, de forma a fortalecer a resposta a surtos e melhorar os diagnósticos das infecções bacterianas.
Ao longo da atividade, especialistas também discutirão a importância das coberturas vacinais para doenças como a meningite bacteriana e a difteria, bem como as estratégias de prevenção e controle das infecções associadas à assistência à saúde. A integração entre os laboratórios de saúde pública, universidades e centros de pesquisa será fundamental para o avanço das políticas de saúde pública no Brasil.