Seria apenas mais um episódio de violência típico de uma capital departamental (estadual) que, como agravante em seu panorama social, tem ainda o fato de ser uma região de fronteira, mas o rapto de dois jovens ocorrido no último final de semana, em Ciudad del Este, tem uma particularidade sombria: a suspeita de envolvimento de policiais.
Conforme noticiou o Diário Última Hora, Fulbia Vera Marecos e Nidia Isabel Escobar denunciaram que, no sábado (19), seus filhos, respectivamente Hugo Antonio Otazú Vera (21) e Diego Alberto Benítez (23), foram abordados por homens armados em uma quadra de esportes, localizada no bairro San Rafael, e obrigados a entrar no automóvel Gol, de cor branca, no qual os raptores teriam chegado ao local.
Segundo as declarações das mães, o principal suspeito de ordenar a ação seria Gustavo Blanco, um policial aposentado, que há aproximadamente um mês teria entrado armado, bêbado e sem camisa em uma lanchonete onde bebiam os jovens, acompanhados por outros amigos. Blanco teria ameaçado o grupo que, reagindo, acabou desarmando-o.
“Os rapazes lhe golpearam e supostamente tiraram sua arma. Desse grupo, Hugo Antonio foi detido, levado até a delegacia e teve de pagar G$ 1,5 milhão (cerca de R$ 580,00) para sua liberação. Depois disso meu filho disse que tudo tinha sido resolvido com esse senhor”, afirmou Marecos.
“Este policial aposentado havia dito que meu filho não ia viver e prometeu que não passaria o fim de ano com vida. Há várias testemunhas de que ele disse isso”, complementou.
Segundo as declarações da mãe de Hugo Antonio, na sexta-feira (18), um grupo formado por policiais rendeu seu filho com uma metralhadora e ameaçou matá-lo.
No entanto, a presença de diversas testemunhas fez com que os supostos policiais desistissem de atirar. Diante de tal fato, Marecos recomendou que seu filho passasse um ano com o avô, na Argentina, mas Hugo afirmou que não devia nada a ninguém e decidiu ficar.
Marecos, que recentemente perdeu também a filha, vítima de câncer, fez um apelo emocionado aos raptores: “Só peço que se já mataram meu filho, que deixem seu corpo onde eu possa encontrá-lo para, pelo menos, velá-lo, já que faz um mês que perdi minha filha de 25 anos que tinha câncer e não poderia suportar a perda de meu filho”.