Na manhã desta quinta-feira (31), a Polícia Civil deflagrou a Operação "Lobo Mau", com o intuito de desmantelar uma vasta rede criminosa dedicada à produção, armazenamento e compartilhamento de material de abuso sexual infantil, conhecido como Csam (Child Sexual Abuse Material).
Em Mato Grosso do Sul, a operação foi coordenada pela Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca) e executada em colaboração com o Serviço de Investigação Geral (SIG) de Dourados. A ação resultou no cumprimento de um mandado de busca e apreensão na residência de um atendente de lanchonete, de 46 anos, e na prisão de um mecânico de 19 anos em Naviraí. Este último mantinha centenas de vídeos de Csam, disseminados em diversos aplicativos de mensagens, em grupos específicos voltados para essa prática criminosa.
A operação é o resultado de uma força-tarefa coordenada pelo Ministério Público, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de São José do Rio Preto, com o apoio da Polícia Civil do Estado de São Paulo e da Agência de Investigação Interna (Homeland Security Investigations - HSI), além da Embaixada dos Estados Unidos. O foco da ação é o combate à exploração sexual infantil na internet.
As investigações revelaram a existência de um número significativo de criminosos que, disfarçados de adultos, contactam crianças e adolescentes através de diversas plataformas digitais. Eles induzem as vítimas a produzir conteúdo de nudez e até mesmo atos sexuais, com o objetivo de consumir e distribuir esse material em grupos fechados de troca de mensagens, como Telegram, Instagram, Signal e WhatsApp, além de jogos como Roblox.
O nome da operação, "Lobo Mau", foi escolhido para simbolizar o predador sexual que se oculta atrás de uma fachada de normalidade para se aproximar de suas vítimas, ganhando a confiança delas antes de atacar. Essa situação é amplificada no ambiente virtual, onde a anonimidade favorece a ação desses criminosos.
Estão sendo cumpridos 94 mandados de busca e um de prisão em 20 estados da federação e no Distrito Federal, mobilizando equipes especializadas das Polícias Civis e Ministérios Públicos de estados como Acre, Bahia, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, e outros. A operação também conta com a participação das Polícias Militares de São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso.
Os dispositivos eletrônicos e outros equipamentos utilizados para a produção e armazenamento do conteúdo estão sendo apreendidos para análise forense. As autoridades esperam que a ação contribua para a identificação de outros envolvidos na rede e reforcem a necessidade de uma atuação conjunta e contínua no combate a esse tipo de crime.