Drogas como heroína, LSD, ecstasy e haxixe, que pouco apareciam nas estatísticas do governo brasileiro, começaram a ganhar destaque ano passado. Levantamento feito pela Polícia Federal mostra que cresceram as apreensões desses entorpecentes em todo o país. Na avaliação de autoridades da PF, o fenômeno da globalização está levando jovens a buscar drogas com alto poder de destruição, caso da heroína. Só no ano passado, a Polícia Federal interceptou 100,8 mil pontos de LSD no país. O número é 400 vezes maior do que o volume apreendido em 2002, de 231 pontos. Os comprimidos de ecstasy droga típica da classe média também não param de surpreender os policiais. A PF apreendeu 67.900 pílulas, crescimento de 329% em relação às 15,8 mil encontradas no ano anterior. O ecstasy é uma droga sintética, que provoca euforia. Semelhante à maconha, embora mais potente, o haxixe é outra droga que começa a aparecer com mais freqüência nas operações policiais. O volume ainda é pequeno, se comparado aos demais entorpecentes, mas o aumento de 52% preocupa as autoridades. Só ano passado, a PF localizou 54,8 Kg, contra os 36 Kg do ano anterior. As novas drogas que começam a se tornar mais freqüentes são geralmente importadas e usadas por jovens da classe média. Não estão na lista de entorpecentes que passam pelo Brasil para abastecer mercados externos, a exemplo da heroína e da maior parte da cocaína. O ecstasy está sendo importado dos Estados Unidos e da Europa. Com freqüência, chega ao Brasil pelas mãos de jovens de classe média e alta que vendem diretamente a consumidores, principalmente em festas rave ou é trocado por cocaína com grandes traficantes, interessados em diversificar a oferta. Os dados levantados pela Polícia Federal não incluem as estatísticas das polícias dos Estados. A entrada das drogas sintéticas caso do ectasy e do LSD preocupa ainda mais as autoridades brasileiras pela dificuldade de identificar pontos de produção. Algumas são produzidas em laboratórios de fundo de quintal, difíceis de ser identificados pela polícia. Apesar da PF não ter um levantamento preciso sobre as principais áreas de consumos, agentes policiais afirmam que as novas drogas estão chegando com força ao interior. Considerada uma droga "de passagem" que não é consumida aqui , a heroína está tirando o sono das autoridades brasileiras. A preocupação é que, a longo prazo, conquiste mercado cativo dentro do Brasil, como aconteceu com a cocaína há algumas décadas. No ano passado, a PF apreendeu 66,2 Kg de heroína em território nacional, representando um aumento de 16,9% em comparação com os 56,6 Kg de 2002. Pelas informações levantadas por autoridades policiais, a heroína encontrada no Brasil é produzida na Colômbia e vai para os Estados Unidos e para a Europa. Os plantios na Colômbia se intensificaram depois da invasão ao Afeganistão, quando os EUA começaram a reprimir os plantios da papoula, flor utilizada na produção da droga. Apesar do alerta gerado pelas novas drogas, a maconha continua a ser a substância ilícita mais vendida no Brasil. O volume de maconha apreendida ano passado atingiu 163 toneladas, uma queda em relação a 2002, quando a PF conseguiu apreender 194 toneladas.