terça, 03 de dezembro de 2024
Dourados
22ºC
Acompanhe-nos
(67) 99257-3397
PONTA PORÃ

Delegados suspeitos de participação em 'balcão de negócios' em delegacia são condenados

14 novembro 2024 - 15h08Por Da Redação/MPMS

Operação “Codicia”, desencadeada pelo GAECO  (Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado) do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) em abril de 2022, escancarou um esquema ilegal em que agentes de segurança pública agiam em sentido contrário, acobertando criminosos e usando como “balcão de negócios” a maior delegacia de Polícia Civil de Ponta Porã, na fronteira com Paraguai.

A unidade chegou a ficar sem atendimento ao público na fase de campo da operação, diante das buscas e apreensões ordenadas pelo Judiciário e da prisão de boa parte do efetivo.

No dia 7 de novembro de 2024, o trabalho do GAECO obteve um resultado importante na Justiça.  Desembargadores da 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul acataram recurso ministerial, reformaram sentença de primeiro grau para condenar à prisão dois delegados que passaram pela chefia de delegacias de Ponta Porã.

Segundo as apurações do GAECO que convenceram o Judiciário dos ilícitos, ambos fizeram vistas grossas à corrupção generalizada dos comandados e, pior que isso, foram beneficiados diretamente pelo esquema.

Entre os dois delegados, um já havia sido punido em ação derivada da “Codicia”, à pena de 4 anos de reclusão pelo crime de concussão, sentença confirmada pelo TJMS em março de 2023.  Na mesma decisão, outros dois policiais foram sentenciados, a 4 anos e 3 meses de reclusão.

Segunda condenação
Com a nova reprimenda, esse delegado de Polícia Civil passa a ter pena de prisão de mais de 15 anos a cumprir. Acumula, ainda, duas decisões judiciais determinando a perda do cargo.

Para o outro detentor do cargo mais alto na estrutura da polícia judiciária investigado pela “Codicia”, além da perda da função pública, foi arbitrada pela decisão de segundo grau da semana passada, a punição de restrição de liberdade de 8 anos e 5 meses. Ele havia sido inocentado na primeira sentença.

“O conjunto das provas orais e documentais, concernentes a dados oriundos de quebra de sigilo bancário, telemático, extração de dados e interceptações telefônicas, comprovam, de forma inconteste, em detrimento de simples negativa apresentada sem consistência e plausibilidade, que os acusados, na condição de agentes policiais (da ativa e aposentados) e delegados da Polícia Civil da cidade de Ponta Porã, agindo com o mesmo propósito e associados entre si, solicitaram e receberam vantagens indevidas no exercício da função pública desenvolvida”, traz um trecho do acórdão da 3ª Câmara Criminal.

Prossegue o documento anotando que “crimes desse jaez abalam, sem sombra de dúvidas, a credibilidade que a sociedade deposita nos agentes policiais e na instituição a que pertencem, acarretando a conspurcação da imagem, fragilizando a ordem em seu alicerce, causando a instabilidade da paz social, ferindo frontalmente regras basilares e elementares das funções desempenhadas no serviço público, tudo, enfim, a realçar culpabilidade altamente censurável, apta a justificar o recrudescimento da resposta penal”.          

O regime inicial de pena definido para os dois delegados é o fechado.

Mais condenados
No acórdão do dia 7 de novembro, os desembargadores da 3ª Câmara Criminal, em atendimento aos pedidos do MPMPS, mantiveram as condenações de outros réus e ainda ampliaram penas em alguns casos.  Seis policiais civis e uma perita foram condenados por usar a delegacia onde atuavam para cometer infrações penais graves.

Os policiais foram acusados de corrupção majorada e organização criminosa envolvendo veículos apreendidos na fronteira com o Paraguai. Conforme a Operação, eles cobravam propina para liberar veículos. A denúncia também indicou que eles fizeram negociações com drogas apreendidas, para devolver aos traficantes, inclusive com uso de veículo oficial. A pena para cinco policiais e a perita foi de 8 anos e para o sexto envolvido ficou em 3 anos de prisão.

Dois homens que foram beneficiados pelo “balcão de negócios” receberam pena de 4 anos e 2 anos de reclusão, por corrupção ativa.


Balcão de negócios
As investigações se iniciaram em maio de 2021 com a notícia de concussão praticada por parte de alguns policiais civis da 2ª Delegacia de Polícia Civil de Ponta Porã na restituição de uma carreta para as respectivas vítimas, cujo pagamento se deu em parte por meio de um Pix.

O trabalho investigativo de 10 meses identificou a existência de uma associação criminosa formada por policiais civis aposentados e da ativa) que se utilizava das Delegacias de Polícia Civil de Ponta Porã/MS para a obtenção de vantagens patrimoniais indevidas, especialmente relacionadas à gestão de veículos apreendidos e sob a responsabilidade daquelas unidades policiais.

Ficou demonstrado, também, que havia uma associação para o tráfico, cuja droga comercializada era, algumas vezes, retirada do depósito da Delegacia de Polícia por um escrivão de polícia e repassada aos seus comparsas para a revenda.

Deixe seu Comentário

Leia Também

Motorista é flagrado transportando 130 quilos de pasta base de cocaína
TRÁFICO

Motorista é flagrado transportando 130 quilos de pasta base de cocaína

Saúde integrará campanha para reforçar proteção sanitária
FRONTEIRA

Saúde integrará campanha para reforçar proteção sanitária

Corpo de jovem que se afogou no rio Aquidauana é encontrado
ROCHEDO

Corpo de jovem que se afogou no rio Aquidauana é encontrado

Curso da UEMS abre inscrições para Colônia de Férias Brincante
REGIÃO

Curso da UEMS abre inscrições para Colônia de Férias Brincante

MERCADO FINANCEIRO

Dólar interrompe sequência positiva e fecha em queda

JUSTIÇA

STF já condenou 310 pessoas por atos do dia 8 de janeiro

VIOLÊNCIA

Homem pede ajuda em ferro-velho após ser esfaqueado

DOURADOS

Alegando medo e vingança, envolvido em assassinato se apresenta na delegacia

POLÍTICA

Renato discute melhorias em Sete Quedas e regiões produtoras de leite, avicultura e suinocultura

DOURADOS

Concessionária prevê energia restabelecida em região de queda de árvore até o fim da tarde

Mais Lidas

DOURADOS

Cliente denuncia furto de mala em hotel e sistema de segurança não registra imagens

TRAGÉDIA

Acidente deixa três pessoas mortas na BR-163 em MS

DOURADOS

Homicídio no Cidade Jardim I ocorreu após discussão entre autor e vítima

DOURADOS

Homem assassinado no Cidade Jardim I foi atingido por pelo menos cinco tiros