Criminosos têm criado números de telefone falsos, com o prefixo 0800, para se passar por funcionários de bancos e conseguir senhas de cartões para aplicar golpes, de acordo com a Polícia Civil. Segundo a corporação, no Recife, uma das vítimas, um idoso, chegou a ter R$ 7,5 mil roubados da conta, depois que teve o cartão preso por um caixa 24 horas e passou dados pessoas por meio de uma suposta central de atendimento.
Um dos casos ocorreu na última quarta-feira, dia 27 de novembro, em um supermercado da Avenida Rosa e Silva, no bairro das Graças, na Zona Norte do Recife. Um homem foi sacar dinheiro e a máquina prendeu o cartão dele. Imagens do circuito de segurança do local registraram três pessoas perto da vítima, sendo uma mulher, um homem de camisa vermelha e outro de camisa cinza.
A vítima informou, em depoimento, que foi orientada por um dos criminosos a ligar para um número 0800 para tirar o cartão da máquina. O telefone, no entanto, era da quadrilha e um bandido foi quem atendeu. O vídeo mostra o criminoso saindo de perto do caixa, durante a ligação.
Segundos depois, as câmeras registraram o homem de camisa vermelha entregando o cartão roubado para uma mulher. Eles conseguiram sacar R$ 1,5 mil e fazer duas transferências de R$ 3 mil cada, totalizando R$ 7,5 mil. De acordo com a delegada Silvana Carla, que investiga o caso, a vítima, por telefone, passou informações pessoais, usadas pelos outros bandidos para aplicar o golpe.
"A vítima indicou a pessoa que teria o induzido a usar um número 0800. Esse número não é verdadeiro, era criado pela própria quadrilha para enganar as vítimas. Ele caiu no golpe e passou informações pessoais. Peritos, num primeiro momento, me informaram que não foi possível coletar nenhum vestígio do equipamento usado para cometer o crime. Possivelmente, é aquele dispositivo bem comum chamado 'chupa-cabra', que foi inserido e depois retirado pelos meliantes", afirmou a delegada.
Uma foto feita em Salvador, na Bahia, onde o mesmo golpe foi registrado, mostra um adesivo colocado ao lado do teclado do caixa eletrônico. O material mostra um número 0800, supostamente usado para suporte pela empresa dos caixas. O adesivo é vermelho e se parece muito com os que se vê nos caixas eletrônicos.
De acordo com a polícia, é fácil obter um número desse tipo, sem ser necessário, sequer, um telefone fixo. Assim, os bandidos confundem as vítimas. Ainda segundo a delegada Silvana Carla, é importante evitar repassar informações pessoas ao telefone.
"Mesmo que você ache que é um número real, verdadeiro, primeiro se certifique, mantenha sempre o contato do seu banco. Essa não é uma prática usada pelas centrais de atendimento, pedir senhas dos clientes. Se pedir, desconfie e não passe", afirmou a delegada.
A polícia informou que quem tiver informações que ajudem a identificar os três bandidos pode ligar para o Disque Denúncia, no telefone (81) 3421.9595. Não é preciso se identificar.
Respostas
A reportagem entrou em contato com a Tecban, responsável pelo Banco 24 Horas, para saber como é feita a fiscalização nos caixas, para evitar a colagem de adesivos falsos ou a colocação dos equipamentos chamados "chupa-cabras".
A empresa não respondeu e disse que, em hipótese alguma, solicita senhas durante atendimento telefônico na Central Exclusiva de Atendimento ao Cliente.
A empresa disse, ainda, que o telefone de atendimento do Banco 24 Horas é o 0800.56.2400, que está disponível 24 horas por dia, sete dias por semana.
A reportagem também procurou a rede Pão de Açúcar, onde fica o caixa eletrônico usado pelos bandidos, para saber sobre o esquema de segurança das máquinas, e foi informada que a rede conta com medidas de segurança para garantir um ambiente protegido a seus clientes.
Isso inclui verificação preventiva da integridade dos dispositivos dos caixas eletrônicos junto à empresa responsável por eles.
A rede afirmou, ainda, que diante de qualquer suspeita, o cliente é orientado a abrir imediatamente um boletim de ocorrência. A nota diz que a loja permanece à disposição das autoridades para investigações sobre ocorrências de segurança pública.