Oito anos depois de perder a prefeitura por apenas 411 votos, em 1996, o governador Zeca do PT tem condições de dar o troco no prefeito de Campo Grande, André Puccinelli (PMDB). Além da popularidade do seu governo, com mais de 60% de aprovação, ele conta com as contas estaduais em dia e com previsão de investir R$ 240 milhões este ano em Mato Grosso do Sul.Outro fator favorável ao petista é que Puccinelli, um administrador com altos índices de aprovação, não disputará a eleição e estará na mesma posição de Zeca do PT, a de transferir a popularidade para o seu candidato. O peemedebista também largará em desvantagem, já que o PT definiu, com 10 meses de antecedência, que o candidato a prefeito será o deputado federal Vander Loubet (PT). O prefeito chegará atrasado “ao baile”, já que o PMDB só deverá definir o candidato em maio, quando as alianças estarão definidas e os candidatos com a campanha na rua. Outro fator no processo será a falta de recursos para investir em Campo Grande. A “torneira” de recursos federais secou. No ano passado, a prefeitura esperava a liberação de R$ 45 milhões, mas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) só autorizou irrisório R$ 1 milhão. Apesar de minimizar o fato, Puccinelli terá problemas para concluir obras de relevância em ano eleitoral, como o contorno ferroviário (faltam as obras do pátio e o porto seco), a urbanização dos córregos Bandeira e Sóter (já iniciadas) e do Imbirussú (prevista). O ritmo de pavimentação dos bairros poderá ser reduzido. Puccinelli corre o risco de repetir o mais novo companheiro, o ex-governador Pedro Pedrossian (PMDB), cujas obras, como o terminal rodoviário e o mercado do produtor, servem para abrigo de bichos e marginais. A eleição para prefeito em 2004 não repetirá 2000, quando Puccinelli concluiu grandes obras, estava com a popularidade muito maior que a de Zeca e o petista Ben-Hur Ferreira teve de arcar com o ônus do funcionalismo público estar recebendo os salários com atraso. Candidato, Puccinelli foi reeleito com mais de 65% dos votos. Na semana passada, o governador deu o tom da disputa. “O PMDB destruiu o Estado e nós vamos destruir o PMDB”, afirmou, durante entrevista coletiva, numa frase de efeito semelhante a proferida por Puccinelli em 1996, quando afirmou que “o PT é igual catapora, só dá uma vez”.