Dois estilos de Carnaval podem travar hoje uma disputa acirrada pelo título carioca de 2010 --a apuração começa às 14h30 na praça da Apoteose, com transmissão pela TV. A Unidos da Tijuca, que fez um desfile de forte apelo visual, é a favorita do público, que se entusiasmou no domingo; a Unidos de Vila Isabel, com a apresentação tradicional de ontem, baseada num samba mais lento, pode ser a favorita de críticos e, talvez, jurados.
O Salgueiro, que optou por um enredo didático sobre livros, pode almejar o bicampeonato. A Grande Rio, enfim fazendo um desfile leve e com um enredo de empatia (momentos marcantes dos 25 anos do sambódromo), é a quarta força.
Cantando a música brasileira, a Mangueira levantou boa parte do público no encerramento da noite de segunda, mas enfrentou problemas técnicos: bombeiros arrancaram um pedaço do carro da Tropicália após o surgimento de faíscas, e houve correria no final para o tempo não estourar.
Com um tema propício a brincadeiras visuais, "É segredo!", sobre mistérios e ilusionismos, a Unidos da Tijuca foi a que mais alegrou o público. A comissão de frente, em que mulheres trocavam de roupa várias vezes sem a plateia perceber o truque, já fez história. E o carnavalesco Paulo Barros, o mais importante da década, tem nova chance de conquistar seu primeiro título.
A Vila homenageou o centenário de Noel Rosa com um samba-enredo criado por Martinho da Vila em tom menor, algo praticamente extinto desde que as músicas aceleradas dominaram o gênero.
A maior parte dos espectadores, acostumada à fórmula dos refrães fortes, não se animou, mas houve quem visse um princípio de revolução. "Espero que o samba de Martinho mude novamente a história dos sambas-enredo", disse Ivan Lins, que desfilou na Portela.