O novo plano operacional da Varig, entregue ontem à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), prevê a retomada progressiva dos vôos, chegando a 45 aviões até o final deste ano. Num primeiro momento, porém, a empresa manterá basicamente sua operação atual, com a exceção dos vôos para Nova York e Miami, hoje realizados em dias alternados e que deixarão de ser feitos.Além de 35 freqüências na Ponte Aérea Rio-São Paulo, a empresa atenderá apenas sete cidades no mercado doméstico. No internacional, manterá só os vôos para Frankfurt e Buenos Aires. Para cumprir essa operação, contará com uma frota de 7 Boeings 737-300 e 3 MD-11. "Se ela tiver 65% de ocupação nos vôos, a participação de mercado não passará de 2,5%", calcula o consultor Paulo Bittencourt Sampaio. "A Varig está virando uma BRA."Além da oferta pequena, a empresa inicia operações com uma frota pouco econômica. Enquanto a Gol acaba de receber o primeiro jato de uma encomenda de 101 Boeings 737 Nova Geração, a Varig irá operar com o modelo 300, menos eficiente. Os MD-11 já deixaram de ser fabricados e consomem muito combustível.Segundo o documento, ao qual o Estado teve acesso, a empresa pretende implementar o novo plano operacional "imediatamente após a obtenção do Certificado de Homologação de Empresa de Transporte Aéreo (Cheta)". Pelos trâmites normais, o processo pode levar 9 meses. Mas como a nova Varig irá aproveitar a maior parte da documentação da Varig antiga, a Anac diz que o processo pode ser rápido. O presidente do conselho de administração da VarigLog, Marco Antônio Audi, acredita que o Cheta deve ser emitido entre 20 e 25 de agosto.A segunda etapa do plano prevê a incorporação de mais 35 aviões até o fim do ano, chegando a 45. É menos da metade da frota da TAM, que deve atingir este ano 96 aviões. Essa fase prevê ainda um aumento das freqüências da Ponte Aérea para 52 vôos. O número de destinos no País saltaria para 23. No exterior, a empresa voaria para nove destinos, incluindo Londres, Madri e Nova York.Há ainda uma terceira etapa, que teria basicamente os mesmos destinos da segunda fase, com mais freqüências. Esta malha entraria em operação até 2008, quando a empresa prevê contar com 75 aviões.O plano mostra a dificuldade que a Varig está enfrentando para negociar novos aviões com empresas de arrendamento. Diante dessas dificuldades, Marco Antonio Audi fala até na possibilidade de adquirir aviões por meio de contratos de leasing financeiro. "Com esse plano em etapas, a empresa tenta prolongar a validade dos seus hotrans (horários de vôos)", diz um executivo do setor. Por lei, quando a empresa passa 30 dias sem operar determinado vôo, perde o direito. Os da Varig foram congelados para que ela pudesse ser vendida por um preço melhor.Segundo o Tribunal de Justiça do Rio, o prazo de 30 dias começou a contar em 20 de julho, quando a VarigLog adquiriu a Varig em leilão. "A Anac não vai poder segurar essas rotas para a Varig até 2008", diz Sampaio.