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USP testa componente da maconha contra mal de Parkinson

28 janeiro 2010 - 16h44

Cientistas da Universidade de São Paulo (USP) testam um componente da maconha contra o mal de Parkinson, o 'cannabidiol', para tratar a psicose que sofrem muitos dos doentes, sem que aumentem seus tremores.
O "estudo piloto" com seis pessoas que sofrem de Parkinson mostrou que após receber 'cannabidiol' em altas doses melhoraram seus problemas mentais, mas também de ansiedade, distúrbios do sono e depressão, sem que piorassem os tremores provocados pela doença. 
Mas os responsáveis pela pesquisa, os professores Antonio Waldo Zuardi e José Alexandre Crippa, deixam claro que isto nada tem a ver com fumar maconha. "Tomar 'cannabidiol' não provoca alucinações. A maconha tem 460 componentes e só 80 atuam no cérebro. Ao se fumar maconha, a pessoa recebe o 'cannabidiol' mas também muitas outras coisas. Fumar que não é recomendável para fins terapêuticos", comentou Crippa. 
Zuardi lembra, além disso, que "a concentração das diferentes substâncias varia em função da parte da planta que se fume e também da região da qual provém". Por isso, "pode causar diferentes efeitos em função da amostra". 
Agora, a tarefa dos cientistas brasileiros é a comprovação "em um grande estudo" de que efetivamente o 'cannabidiol' pode ser receitado para melhorar a vida de quem sofre de Parkinson. Embora não seja novidade que a maconha contém substâncias com propriedades medicinais e que em muitos lugares já se faz pesquisas com o 'cannabidiol', é inédita a comprovação em seres humanos de uma longa lista de propriedades da planta contra Parkinson. 
Zuardi e Crippa lideram o grupo de pesquisadores responsável pela descoberta no Departamento de Neurologia da USP no campus de Ribeirão Preto, interior de São Paulo. Ali os cientistas comprovaram as propriedades do 'cannabidiol' para melhorar a vida dos portadores de Parkinson, doença que surge da paulatina degeneração das células cerebrais que produzem a dopamina, hormônio implicado no controle dos movimentos. 
Conforme explicou Zuardi à Agência Efe, o maior problema no tratamento é que os precursores da dopamina em "um significativo número de casos" acabam provocando delírios, alucinações, depressão, ansiedade e alguns outros problemas mentais. 
Crippa, por sua vez, comentou que a pesquisa serviu para "verificar que os pacientes em geral melhoram dos tremores". Durante o estudo, "relatavam que melhoravam dos problemas de insônia e da ansiedade. Por esse motivo, a substância serve inclusive como tranquilizante".

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