O Tribunal Regional do Trabalho de Mato Grosso do Sul lança, oficialmente, nesta sexta-feira, a campanha Natal Solidário, que beneficiará cerca de 50 crianças vítimas de desnutrição crônica do Hospital da Missão Caiuá, em Dourados. A campanha foi uma iniciativa do Presidente do TRT, juiz João de Deus Gomes de Souza, após ter visitado o hospital, que fica na aldeia Jaguapiru, juntamente com o Ministro do TST, Lélio Bentes, em agosto deste ano. Para o juiz João de Deus não há quem não se comova diante do quadro de saúde de algumas crianças que ali estão sendo tratadas, principalmente para quem é pai ou mãe. "O que se faz pela crianças indígenas ali é um trabalho exemplar e humanitário. Não podemos simplesmente nos comover e deixar por isso mesmo, quando sabemos que o hospital passa por dificuldades", observa. Para o presidente do TRT, a Poder Judiciário no estado de Mato Grosso do Sul não apenas distribui justiça, mas também se preocupa, sempre que possível, com a distribuição da assistência social.A campanha Natal Solidário envolverá todos os juízes e servidores do TRT e das varas do trabalho da Capital e interior. Advogados e trabalhadores, além da comunidade em geral, também estão convidados a participar com doações. No entanto, em virtude do recesso judiciário, o período de duração da campanha será extremamente curto, com encerramento previsto para o dia 15 de dezembro. "Temos apenas uma semana, por isso precisamos nos mobilizar com muito afinco, a fim de arrecadar o suficiente para ajudar as crianças indígenas do hospital", afirma Aily Longi Dangi, Chefe do Gabinete de Recursos Humanos do TRT.Quem quiser colaborar com a campanha Natal Solidário, poderá doar fraldas descartáveis, bolacha de maisena, amido de milho, leite em pó, macarrão e alimentos tipo Mucilon e Neston. No passado, o local era destinado ao tratamento de pessoas portadoras de tuberculose, mas desde 2000, o Centro de Recuperação Nutricional, anexo do Hospital da Missão Caiuá, localizado dentro da Aldeia Jaguapiru, é o refúgio de inúmeras crianças indígenas, vítimas de desnutrição crônica. Ali, cerca de 40 recebem tratamento especializado que inclui assistência médica, odontológica, fisioterápica e atividades recreativas, além de muito carinho e uma alimentação balanceada que inclui 6 refeições por dia. "Todas elas chegaram aqui em situação crítica", revela a enfermeira Maria Luiza, responsável pelo anexo.Segundo Maria Luiza, o Centro de Recuperação Nutricional surgiu após um levantamento feito, em 1999, pela equipe da Funasa, o qual constatou um alto índice de desnutrição entre as crianças indígenas nas aldeias da região. Ela explica que uma pesquisa foi especialmente montada para esse fim, com formulários elaborados por nutricionistas. O índice de mortalidade infantil entre crianças de 0 a 2, em 2001, foi de 17. "A causa mortis em crianças menores de 2 anos era de desnutrição", afirma. Em 2002, o índice de óbitos nas aldeias caiu para 5, mas Maria Luiza chama a atenção para uma outra causa mortis: a paralisia cerebral. Catrícia, de 2 anos, é um exemplo de crianças que apresentam este tipo de problema. De etnia Caiuá, Maria Luiza diz que ela veio de Amambai. Segundo a enfermeira, nos últimos anos o índice de crianças indígenas que nascem com paralisia cerebral tem crescido muito. Para ela, vários fatores podem estar contribuindo para isso, e cita o casamento entre parentes e o uso de inseticida nas lavouras próximas à aldeia como possíveis causas. "Não foi feito nenhuma pesquisa ou levantamento que comprove isso", observa.Sem Família