O Grupo Experimental de Teatro Universitário (GETU) da Faculdade de Comunicação, Artes e Letras (FACALE) da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) apresenta neste domingo, dia 13 de dezembro, a peça “Salomé”, de Oscar Wilde, às 20 horas, com ingresso a R$ 10,00, no Teatro Municipal.
Em 1891, em Paris, Oscar Wilde escreveu uma peça em um ato tendo como tema o episódio bíblico da morte de São João Batista, cuja cabeça fora pedida em uma bandeija de prata pela enteada do rei Herodes, Salomé, filha de Herodíades. Ainda que Wilde não tivesse desejado seguir rigorosamente a história bíblica, na ocasião, a peça não pôde ser encenada, em virtude de uma lei que proibia a representação com personagens bíblicos. Somente em 1896 o drama ganhou cena em Paris. Logo ganharia popularidade também na Alemanha e chegou a ser aproveitada como libreto para uma
ópera de Richard Satrauss.
Em Salomé, Wilde oportuniza-nos exibir todo o seu gosto pelo luxo e pela ostentação, pelo exostismo oriental. Ordenada em elementos essenciais na sua condensação dramática e na caracterização de personagens, a peça não admite concessões a certos preconceitos. Salomé é uma tragédia brutal na sua crueza, um drama de luxúria envolto em uma atmosfera de poesia preciosa - nem por isto capaz de suavizar a crueza realista com que lida: a loucura humana, guiada pelo embate entre a carne e o espírito, entre o pecado e a santidade, e pairando sobre ela a fatalidade inexorável
da morte.
Manter o estilo e a linguagem de Oscar Wilde, preciosos pela riqueza de detalhes e originalidade, é um compromisso da adaptação encenada pelo GETU - Grupo Experimental de Teatro Universitário, que busca reforçar a marca do autor e que as obsessões humanas, em sua complexidade (resultado da angústia de não se poder compreender ampla ou profundamente a existência) evidenciam certa incapacidade de o homem lidar com seus embates travados interiormente, de o homem lidar com as artimanhas provocadas pelo que chamamos consciência e inconsciência e, num grau extremado, com as tentações de absoluta insanidade que por vezes nos atormentam.
Tudo o que não pode ser compreendido pelo espírito e justificado pela razão humana tem sido controlado ou vencido pela força positiva da convivência social. Desta força ordenadora participam os credos, os costumes, a educação, a arte, a moral, a tradição: tudo o que fortalece e enobrece o que chamamos comunidade tende a afastar, ao menos em parte, o incômodo de não obtermos respostas para nossos questionamentos essencialmente existenciais. Salomé, adaptação do GETU, tematiza os embates entre o mundo social e o mundo espiritual, o mundo das obsessões e o mundo das forças ordenadoras sempre presentes ao longo da história da civilização.