Três dias depois de a oposição ter protocolado no TSE ação contra Lula e Dilma Rousseff por “campanha ilegal”, José Serra animou-se a falar de si. Em resposta a um leitor de seu microblog, Serra explicou por que mantém sua candidatura presidencial no armário: “Eu cumpro a lei”. Anotou que “os outros –a imprensa, por exemplo—, podem dizer que alguém é pré-candidato ou candidato”. O político não pode.
Serra aproveitou a madrugada deste domingo (24) para pôr em dia a comunicação com a turma que o segue no twitter. A certa altura, anotou: “Muitos aqui me perguntam sobre candidatura futura. Sabiam que pode ser considerado ilegal dizer-se agora pré-candidato a algum cargo?”
Exemplificou: “O ex-prefeito de Rodrigues Alves (AC), Deda Amorim, foi condenado pelo TRE, esta semana, por propaganda eleitoral antecipada”. Esmiuçou o exemplo: “Motivo da condenação: o ex-prefeito disse no seu twitter que era pré- candidato a deputado estadual. Soube que ele deletou o twitter”.
Na última quarta (20), Serra esquivara-se de levar os punhos ao ringue em que expoentes do seu PSDB e do PT se agrediam verbalmente: “Não vou entrar em nenhum bate-boca eleitoral, de baixaria, não há a menor possibilidade”.
Não entra, segundo o presidente do PT, Ricardo Berzoini (SP), porque é “hipócrita”. Converteu o mandachuva tucano Sérgio Guerra em seu “jagunço”. A despeito do lero-lero de Serra, o petismo cogita invocar a fúria inauguratória do governador tucano na defesa que fará de Lula e Dilma no TSE.
O PT deve argumentar que o presidente e sua ministra-candidata não fazem campanha fora de época. Apenas inauguram obras. Exatamente como faz Serra. É a sexta vez que a oposição tenta convencer a Justiça Eleitoral a impor uma multa a Lula e Dilma. As cinco representações anteriores foram ao arquivo. Desenvolto, Lula não esboça a mais remota intenção de desmontar os pa©lanques. Ao contrário. De passagem por Minas, disse que vai intensificar as inaugurações no primeiro trimestre.
Sem meias palavras, declarou que, depois de abril, já não poderá levar Dilma ao “palanque”. Daí a pressa. Por sorte, nem Lula nem Dilma possuem páginas no twitter. Não correm o risco de cometer o erro do ex-prefeito mencionado no exemplo de Serra.