
D.N- A sua chegada ao órgão foi tranquila ou ocorreram manifestações, como enxerga essa situação?
F.S.S - É natural que haja reação neste sentido toda as vezes que existe a mudança de gestão. Houve manifestação por parte dos servidores que fizeram uma carta contestando e na verdade não contestando a nomeação do Fernando, mas, a forma como se deu. Eles achavam que deveria haver uma consulta com eles antes da escolha de alguém, enfim, o que eu disse a eles foi que o cargo de coordenador, assim como vários órgãos públicos, são de nomeação e cabe ao gestor máximo do órgão fazer a escolha dele para compor a equipe. Um exemplo, a prefeita, quando assumiu e deveria compor a equipe de secretários e outros cargos de confiança e coube a ela escolher e na Funai não é diferente. É um cargo de livre nomeação e que cabe ao dirigente máximo do órgão fazer a escolha. Mas, eu respeito a atitude deles, conversei com eles sobre isto e agora estamos tendo um diálogo permanente no sentido de mostrar os motivos pelos quais estou alí. Ressalto que não tirei ninguém do cargo, o mesmo estava vago há cinco anos [tempo em que gestores se revezaram de forma interina], então eu sou mais um para somar ao quadro de servidores que alí estão para que possamos garantir os direitos que tem sido violados dos povos indígenas. Com relação a manifestações por parte de lideranças indígenas ou rumores destas eu estou fazendo visitas e diálogos com estes representantes e explicando o que eu quero para a área de abrangência desta coordenação e, com todos que conversei até agora, tive um apoio positivo de forma verbal. Hoje teve uma visita de um grupo em torno de 15 lideranças indígenas alí mas, que foram totalmente cordiais comigo. Entraram fizeram uma reza, e falei pra eles das minhas ideias e propostas e tudo foi bem tranquilo.
D.N- Como fazer com o que o Estado e o Governo Federal volte os olhos para as demandas da população indígena local?
F.S.S- Dourados tem a maior aldeia em contingente populacional do país. Na nossa reserva indígena que compõe a aldeia Jaguapiru e Bororó temos em torno de 17 mil indígenas. Em população isso supera 39 municípios do Estado, de acordo com estimativas divulgadas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) no mês passado. Isso tem um peso significativo de população como se pode notar, e a reserva não pode ser deixada de lado. Quando voltamos nosso olhar para os municípios que contam com uma menor população do que a da nossa reserva, vê-se que tem rede de esgoto, tem hospital, tem asfalto, tem delegacia de polícia, tem iluminação pública, tem moradia, tem praticamente tudo em estrutura e mesmo assim, nota-se problemas pontuais nesses municípios. Vamos voltar nosso olhar para a aldeia agora. Não tem rede de esgoto, não tem água para atender todo mundo, não tem política de segurança pública de forma permanente, não tem iluminação pública, não tem projeto de habitação há mais de 10 anos, não tem construção de escola há mais de dez anos, não tem política de cultura, esporte e lazer, enfim, por isso esse caos! Esse é meu desafio mostrar que existe dentro de Dourados, um município praticamente, que supera 39 cidades do estado em população que precisa urgentemente não só da gestão municipal, mas do Estado de Mato Grosso do Sul, do Governo Federal com políticas estruturantes urgentemente para que seja minimizado o sofrimento desta população a qual eu represento hoje na Funai.
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