Enfrentar o problema do tráfico e do consumo de drogas apenas com armas e punição é uma guerra perdida. Esse é o consenso entre os especialistas nacionais e internacionais e autoridades que participam, durante todo o dia de hoje (21), da primeira reunião da Comissão Brasileira sobre Drogas e Democracia (CBDD), na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que esteve à frente da Comissão Latino-Americana sobre Drogas e Democracia, abriu a reunião e defendeu que a questão das drogas deve ser enfrentada como um problema de saúde pública, e não somente como caso de polícia. Para ele, os usuários deveriam ser tratados no Sistema Único de Saúde (SUS).
“Acreditar num mundo sem drogas é imaginar que possa existir um mundo sem sexo. Vamos quebrar o tabu. O uso da camisinha já foi tabu e hoje defendemos o sexo seguro. Agora, devemos procurar reduzir os danos que as drogas causam na sociedade e, para isso, é necessário conscientizar a população e dar suporte aos tóxico-dependentes.”
O ex-presidente lembrou que o controle territorial por parte de traficantes se tornou um problema grave no Brasil e não deve ser combatido. “Mas a educação e a mudança de mentalidade são fortes estratégias de prevenção do consumo de drogas”, disse Fernando Henrique.
A pesquisadora Celia Morgan, da Beckley Foundation e Fellow da European College of Neuropsychopharmacology, apresentou um estudo que aponta que drogas lícitas, como o álcool, são muito mais nocivas ao cérebro que algumas drogas proibidas como a maconha. “Esses dados ajudam na reflexão sobre os parâmetros usados para se classificar quais drogas devem ou não ser legalizadas e reconsiderar que há drogas proibidas menos prejudiciais que outras encontradas em farmácias, por exemplo”.
Para o economista Peter Reuter, professor do Departamento de Criminologia da Universidade de Maryland, a legalização de drogas como maconha e cocaína, por exemplo, diminuiria a criminalidade, mas aumentaria o consumo e o vício. “Seria uma medida positiva para os mais pobres que sofrem diretamente com a questão da droga, pois haveria redução da violência. Ao mesmo tempo, seria negativa para a classe média, devido ao aumento do consumo”.
Embora ele não defenda a legalização, Reuter acredita que é necessário criar estratégias radicalmente diferentes das que existem hoje.
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