Quando definiu que os governadores e prefeitos não tinham a obrigação de obedecer determinações do presidente da República, no combate à Covid-19, o Supremo Tribunal Federal – de propósito ou até ao acaso – também estatuiu que, por isonomia, os prefeitos não são cativos às decisões dos governadores. É uma questão lógica pois, das três esferas de poder, a única que tem a missão de executar é a municipal, já que União e Estado são entes federados que exercem o poder genericamente mas, por suas características, não põem a mão na massa. Logo, o presidente da República tem a tarefa de destinar recursos e apoio técnico genérico para os Estados realizarem a política de combate. E os Estados, como despachantes, devem aplicar bem esses recursos em hospitais e serviços e repassar aos municípios os meios e tarefas que lhes compete, para ministrarem o socorro às respectivas populações, tanto no tratamento quanto na vacinação e outros serviços.
É altamente enganosa e até perniciosa a autoridade de que se investem os governadores para promover o fechamento de atividades e definir o que cada município deve fazer em relação à sua população. Da mesma forma que o presidente da República, deveriam os titulares dos governos estaduais, com recursos do próprio Estado mais os recebidos da União, apenas providenciar os meios - tanto financeiros quanto hospitalares – para que os prefeitos executem o socorro, conforme as condições de cada localidade. Não é o governador, encastelado a quilômetros de distância, quem sabe a necessidade do município. É o prefeito, que ali vive e para se eleger foi obrigado a conhecer tudo e, além disso, tem o dever de prestar contas do seu trabalho à população. Se der errado, é ele que sofre as consequências, ao mesmo tempo em que os outros eleitos – presidente e governador – não estão ao alcance da população. É por isso que dezenas de prefeitos paulistas, ouvindo os reclamos de sua população, que considera absurdas as novas restrições do Plano São Paulo, decidiram flexibilizá-las, ao mesmo tempo que em muitas localidades ocorriam protestos contra as medidas.
O prefeito sabe o que uma quarentena pode causar – de bem e de mal – em sua cidade e tem condições de assumir essa responsabilidade. Os descontentes vão protestar na sua porta, não na do governador e nem na do presidente. Os governadores deveriam apenas apoiá-los. Nunca tentar obrigá-los a cumprir medidas que consideram incabíveis às suas cidades. Jamais intimá-los a cumprir medidas draconianas gestadas na capital para todo o território sem levar em consideração as diferenças regionais. Nem denunciá-los ao ministério público que, numa demonstração de que nem tudo está perdido, possui integrantes que conhecem as peculiaridades locais e, por isso, se negam a exercer a pressão peticionada.
Somos pela paz. Presidente e governadores deveriam aceitar a condição de “rainhas da Inglaterra”, sem a busca de protagonismo, mantendo a dignidade de seus postos, mas isentando-se de executar tarefas que os prefeitos, pela proximidade e conhecimento local, podem fazer melhor. Se apenas apoiarem o prefeito, prestarão melhor serviço à comunidade do que tentando abraçar tudo. Pensem nisso, sinceramente...
*dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).
Deixe seu Comentário
Leia Também

Saúde inicia capacitação de coordenadores municipais de controle de vetores

Governo reabre programa de renegociação de dÃvidas com a União
PolÃcia impede mulher de cometer suicÃdio em Guia Lopes da Laguna

10 Motivos para treinar na Studio Moove Academia

Após dois meses com interino, servidor federal é nomeado na Secretaria de Administração

Secretários pedem toque de recolher nacional e fechamento de praias, bares e escolas

Campanha quer alcançar R$ 1 milhão em imposto de renda para instituições

AuxÃlio emergencial e regras fiscais devem ter debates separados, defende IFI
PolÃcia Civil publica portaria que regulamenta uso de perfis em redes sociais

Jiboia com mais de dois metros é capturada em bairro de Três Lagoas
Mais Lidas

VeÃculo pega fogo ao colidir em coqueiro entre Dourados e Itaporã

Jovem colide moto e embriagado tenta fugir do hospital, mas é detido

Mais uma pessoa morre por covid em Dourados e casos confirmados se aproximam de 21 mil
