quinta, 28 de março de 2024
Dourados
20ºC
Acompanhe-nos
(67) 99257-3397
ARTIGO

Leia "A situação política está muito difícil", por Waldir Guerra *

21 dezembro 2015 - 10h08

Caramba! A questão política está mesmo difícil, preciso reconhecer, mas comparando a situação de hoje com as duas anteriores – que aconteceram quando já era um político ativo – esta crise me parece a mais grave. E sabe por quê? Nesta está faltando lideranças políticas para nos levar a uma solução.

A primeira crise política que vivi foi a revolução de 31 de março de 1964, quando os militares tomaram conta do Brasil. Como vereador de um município paranaense (Pato Branco), eleito em 1960, acompanhei as crises que foram surgindo depois da renúncia do presidente Jânio Quadros em agosto de 1961.

Naquela crise havia, sim, boas lideranças políticas. Juscelino Kubitschek, por exemplo, que cobiçava voltar à Presidência da República, mas pecou por não querer se envolver achando que voltaria a se eleger Presidente sem fazer força. Outro era o governador do Rio de Janeiro, Carlos Lacerda, líder político inconteste. Magalhães Pinto, outra grande liderança política. Sem esquecer, claro, do próprio presidente Jango Goulart e seu aguerrido cunhado Leonel Brizola.

Todos eles empenhados na disputa para ganhar a Presidência da República e em função disso promoveram tanta confusão que acabaram todos afastados da política pelos militares.

Na segunda crise também estive presente. Era deputado federal e votei por cassar o mandato do presidente Collor. Foi em 1992. Ali também havia boas lideranças políticas que, além de promover um impeachment, ainda foi montado um bom governo e o Brasil voltou a progredir.

Itamar Franco, que substituiu Fernando Collor, não era uma liderança política nacional, mas os que o colocaram lá eram. Ulisses Guimarães era um líder inconteste e atuou naquele momento. Fernando Henrique Cardoso, como ministro da Fazenda montou a equipe que derrotou a amaldiçoada inflação com o Plano Real.

Agora, nesta crise, cadê os líderes políticos que o Brasil anda precisando? Onde estão?

Domingo passado o povo deveria ter ido pra rua para apoiar o impeachment da presidente Dilma, mas não foi. Por quê?

O povo não foi pra rua porque não vê uma liderança confiável para substituir a presidente Dilma – ela tem hoje mais de 70% dos brasileiros, segundo pesquisas, contrários à sua forma de administrar. E o povo tem razão, afinal, o vice que a substituiria é presidente do maior partido brasileiro e nem consegue coordenar os poucos integrantes do seu PMDB. Como esperar dele competência para corrigir os rumos de um país em frangalhos? O povo não foi pra rua porque sabia que estaria fazendo papel de bobo.

Enquanto isso, milhares de manifestantes – a maioria provavelmente de “chapas-brancas” e “ongueiros” bancados com recursos governamentais ou de sindicatos – promoveram, dias depois uma passeata contra o impeachment e se esforçaram em demonstrar publicamente o apoio à continuidade do governo da presidente Dilma. (Pensando bem, esse esforço todo faz sentido para os que defendem o direito à sua “boquinha”).

Se não bastasse dizer que esta crise é a mais grave de todas, pois faltam bons líderes para abrir um novo caminho para sairmos dela, ainda vem o STF e diminui o poder dos representantes do povo (deputados) no contexto dos três poderes da República.

Simplifico meu pensamento apenas repetindo aqui parte do que disse o jornalista Demetrio Magnoli na Folha de São Paulo: “... constituiu-se na sessão do STF uma maioria disposta a elaborar novas leis e, ainda, a produzir normas infralegais sobre os trabalhos parlamentares. Os juízes trataram os deputados como infantes barulhentos no recreio escolar. No fim da operação, cassaram os poderes da Câmara, transferindo-os para o Senado”.

Caramba! A situação política está difícil mesmo.




Waldir Guerra *

* Membro da Academia Douradense de Letras; foi vereador, secretário do Estado e deputado federal. (wguerra@terra.com.br)


Deixe seu Comentário

Leia Também

TEMPO

Quinta-feira de sol com algumas nuvens em Dourados; não chove

'Tigrão do PCC' morre baleado após reagir à abordagem da Polícia Militar

BRASIL

Governo federal prorroga o programa Desenrola até o dia 20 de maio

Ex-militar da Aeronáutica tem pena aumentada por matar a esposa
FEMINICÍDIO 

Ex-militar da Aeronáutica tem pena aumentada por matar a esposa

INVESTIGAÇÃO DE FRAUDE

Jair Renan vira réu por lavagem de dinheiro e falsidade ideológica

CAPITAL

Cinco pessoas são presas durante operação contra 'gato' de energia

PLENÁRIO

Após 6 anos, STF voltará a discutir alcance do foro para políticos

PRF

Veículo roubado no interior de São Paulo é recuperado em Corumbá

REGIÃO 

Mato Grosso do Sul registra criação de 5998 empregos formais em fevereiro

BANDEIRANTES

Abordagem da Polícia Militar termina com homem baleado em Avenida

Mais Lidas

CONSUMIDOR

Governo manda retirar marcas de azeite do mercado

MS

Operação cumpre 54 mandados contra grupo que cooptava policiais e usava viaturas para o tráfico

TRÁFICO

Cocaína que saiu de Dourados é apreendida em ônibus de turismo no interior de São Paulo

BONITO

Perícia descarta perfuração de arma de fogo em sucuri Ana Júlia, encontrada morta