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Pistoleiro que matou em MT diz ter sido torturado no presídio federal

10 dezembro 2009 - 17h04

 
O CDDH (Centro de Defesa dos Direitos Humanos) Marçal de Souza ingressou hoje cedo no MPF (Ministério Público Federal) com uma denúncia dizendo que os detentos do presídio federal de Campo Grande estariam sendo torturados.
Na ação, a entidade cita que o ex-cabo da Polícia Militar de Mato Grosso, Hércules Araújo Agostinho, pistoleiro confesso, autor da morte de Sávio Brandão, fundador do jornal Folha do Estado, de Cuiabá (MT), sofreu torturas até desmaiar. A agressão teria sido gravada por câmeras do circuito interno de segurança do presídio
A denúncia preparada em apenas uma folha, a qual o Midiamax teve acesso, afirma que a tortura ocorreu no início da noite do dia 5 do mês passado logo após a visita do corregedor do presídio, o juiz federal Dalton Igor.
Durante a ida do magistrado, os detentos teriam feito muito barulho com a intenção de conversar com ele. Contudo, isso não aconteceu.
Depois da visita, segundo a denúncia da entidade, o diretor do presídio, “Sr. Sarto”, como é escrito no comunicado (Ricardo Marques Sarto é o nome do atual diretor) teria ido até a ala dos detentos que haviam se manifestado e, lá, juntado ao menos 20 presos e os deixado vestidos de cueca, apenas.
A partir daí, o diretor teria feito um “discurso inferindo que a única autoridade que manda dentro daquele presídio era ele e que não admitiria nenhuma manifestação de insatisfação a quem quer que fosse que as conseqüências para quem se comportasse daquela forma seriam para se arrepender para sempre”, diz trecho da denúncia do CDDH.
Após o duro recado, diz o comunicado da entidade, o detento Hércules Agostinho foi tirado de uma cela por um agente carcerário federal, que teria colocado “chinelos entre as lâmpadas e a calha da mesma para reduzir a luminosidade, já que as lâmpadas costumam ficar acesa durante toda noite”, sustenta a denúncia.
A partir dali, segue a entidade: “uma sessão de tortura iniciou-se sob os olhos de mais ou menos 20 detentos e os que não viram ouviram”.
No final da suposta agressão, o diretor do presídio teria atirado gás de pimenta nos “olhos e garganta do custodiado Hércules Agostinho, quando o mesmo teve que ser reanimado por haver desfalecido”, diz o comunicado.
O diretor do presídio avisou depois “... que usou a medida como forma de demonstrar a todos os presos como seriam as coisas dali para frente para todo aquele que ousasse desobedecer a suas ordens”.
Marcas da violência “ainda existem” e podem ser observadas nos “punhos, tornozelos, no corpo do detento”. Diz a nota, que Hércules Agostinho quis denunciar o caso, mas foi ameaçado pelos supostos torturadores.
O CDDH pede ao MPF que o detento seja submetido a um exame de corpo delito e que “se faça nele exame de sangue, pois ficam vestígios do gás de pimenta por um certo tempo”, diz a denúncia. A direção do presídio ainda não se manifestou e a denúncia, segundo o CDDH, já foi encaminhada a Defensoria Pública Federal. O presídio de Campo Grande abriga cerca de 150 detentos, entre os quais assaltantes de bancos, pistoleiros e traficantes famosos, como Fernandinho Beira-Mar.
Quem é Hércules
O ex-cabo Hércules Agostinho era temido em Mato Grosso. Ele e o colega Célio Alves de Souza, também ex-PM e detento do presídio de Campo Grande, respondem por ao menos uma dezena de assassinatos.
Os dois já foram condenados por matar Sávio Brandão, fundador da Folha do Estado, em setembro de 2002. O crime ocorreu em frente ao jornal, numa tarde.
Hércules usava motocicleta e arma de uso restrito. Ele teria matado Sávio a mando do ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro, condenado por chefiar o crime organizado. Sávio denunciava Arcanjo pelo jornal.
Numa das edições, o jornal de Sávio comparou Arcanjo, também preso em Campo Grande, a um gangster: “O Al Capone de MT”, estampou a manchete.
Célio e Agostinho também são acusados de matar um vereador em Várzea Grande (MT), um tenente e um sargento da PM, um pecuarista, um radialista e um engenheiro agrônomo. Em alguns crimes a dupla usava fuzis.

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