Após cerca de dois anos de investigações, a Polícia Federal e a Receita Federal deflagraram hoje operação contra o que consideram "o maior esquema já constatado de fraudes no comércio exterior" brasileiro. Ao menos 79 pessoas já foram presas. O organização é suspeita de sonegar ao menos R$ 500 milhões em impostos aduaneiros e já teve como clientes a butique de luxo Daslu e Law Kin Chong, apontado pela PF como um dos maiores contrabandistas do Brasil.Também entre as empresas que receberiam mercadorias do esquema estão o Shoptime (canal de TV e site de venda de produtos), a Via Veneto (que vende roupas) e a Cil Informática. No total, cerca de 24 grandes empresas comercializariam os produtos irregulares.Batizada de "Operação Dilúvio", a ação envolve 950 policiais federais e 350 servidores da Receita que executam 118 mandados de prisão e 220 mandados de busca e apreensão em oito Estados (Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Bahia, Rio de Janeiro, Pernambuco, Ceará e Espírito Santo). Trata-se da maior operação conjunta da Receita e da PF entre as 45 realizadas desde 2002.A Folha Online apurou que entre os supostos sonegadores presos estão Marco Antonio Mansur, brasileiro que morou no Paraguai e atuava como chefe do esquema em São Paulo, e Alessandra Salewski, da área financeira do grupo.Também foram presos nove servidores da própria Receita Federal. A polícia ainda encontrou R$ 460 mil e US$ 1 milhão na residência de um assessor do secretário de Fazenda de Santa Catarina. Já Antonio Carlos Barbeito Mendes, braço da quadrilha no Rio de Janeiro, está foragido.O esquema seria comandado por um grupo empresarial em São Paulo e teria ramificações até nos Estados Unidos. Os mandados de busca, expedidos pela Justiça Federal de Paranaguá (PR) e Itajaí (SC), incluem 200 endereços, como residências dos envolvidos, empresas, principais clientes, depósitos de mercadorias, escritórios de advocacia, despachantes e colaboradores. Os envolvidos são suspeitos de fraudes no comércio exterior, interposição fraudulenta, sonegação, falsidade ideológica e documental, evasão de divisas, cooptação de servidores públicos.Com a colaboração do Departamento de Segurança Interna dos EUA, uma equipe de policiais federais também faz buscas na cidade de Miami (EUA), sob autorização da Justiça americana, em empresas controladas pelo grupo empresarial brasileiro. Segundo a PF, trata-se de um fato inédito na história que dá a essa operação um caráter transnacional.Participaram da entrevista sobre a operação o ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça), o diretor-geral da PF, Paulo Lacerda, e o secretário da Receita, Jorge Rachid.