Como não bastasse a preocupação com o pneu, motor, combustível e a atenção redobrada para não errar o caminho, os competidores do Rally Paris-Dakar terão uma dor de cabeça a mais nesta quarta-feira. Eles vão atravessar a fronteira do Marrocos com a Mauritânia, onde fica o chamado “Muro”, que já foi palco de disputas entre os dois países. A região é repleta de minas e os pilotos de motos, carros e caminhões não podem correr o risco de sair da rota determinada pela organização. Caso contrário o risco de explosão é iminente.No Dakar 2002, o português José Eduardo Ribeiro, que na época fazia apoio para a piloto Elisabete Jacinto, desviou do roteiro e passou em cima de uma mina. Parte da frente do carro explodiu e ele teve sérios ferimentos num dos pés. Explosões de bombas terrestres no Paris-Dakar são raras, às vezes os incidentes acontecem onde ninguém imagina. Na edição 2003, um caminhão de assistência teve o eixo traseiro destruído ao passar numa bomba, na fronteira da Líbia com o Egito. O caminho, na teoria “seguro”, foi determinado pelo próprio exército, que havia feito uma varredura para a passagem do rali.“Na época falaram que era uma mina da Segunda Guerra Mundial, muito antiga. Ela devia estar enterrada bem fundo e, com a passagem de vários veículos, a terra foi sendo removida até que o explosivo ficou exposto. Cuidado sempre é bom”, afirmou o piloto brasileiro Jean Azevedo, da equipe Petrobras Lubrax que compete na categoria motos com uma KTM 700 cilindradas.A etapa de hoje, foi entre Ouarzazate e Tan Tan, no Marrocos. Ao todo, 803 quilômetros, com 351 cronometrados. Jean Azevedo terminou em 15º lugar e agora está em 12º na geral, ganhando duas posições nos tempos acumulados. O vencedor do dia foi o espanhol Juan Roma, mas o compatriota dele, Isidre Esteve, mantém a liderança. O italiano Giovanni Sala caiu e abandonou a competição.Nos carros, Klever Kolberg e Lourival Roldan, com o Mitsubishi Pajero Full da equipe Petrobras Lubrax, terminaram em 18º na geral e quinto na categoria Super Production Diesel, que tem três carros oficiais de fábrica entre os primeiros. Na geral, eles ganharam seis posições e agora aparecem em 16º. A vitória na etapa ficou nas mãos do japonês Hiroshi Masuoka (Mitsubishi Pajero Evolution), que assumiu a ponta na classificação geral. Hoje, vários favoritos tiveram problemas, entre eles o francês Stephane Peterhansel (Pajero Evolution), que perdeu o primeiro lugar, o finlandês Ari Vatanen, a alemã Jutta Kleischmidt (Volkswagen Touareg) e o italiano Miki Biasion.André Azevedo e os checos Tomas Tomecek e Mira Martinec conseguiram manter a terceira posição na classificação geral acumulada depois do quarto lugar na etapa desta terça-feira. O russo Vladimir Tchaguine, de Kamaz, venceu mais uma e ampliou a vantagem nos resultados acumulados.A quarta-feira será o dia mais longo do rali neste ano, com 1.055 quilômetros no total, sendo 701 cronometrados. A primeira moto vai largar a 0h55 de terça para quarta. Os pilotos farão o deslocamento de 345 quilômetros à noite e poderão descansar um pouco na fronteira da Mauritânia, de onde será dada a largada com destino a Atar. O trecho terá todo tipo de terreno, com pista de terra, areia e dunas. A moto mais rápida deverá fazer o trecho em pelo menos sete horas.Mais informações no site www.parisdakar.com.br