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Papai Noel: eu quero acreditar

20 dezembro 2009 - 07h15

Assim como o agente Fox Mulder, de "Arquivo X", crê em seres extraterrestres e assombrações, eu acredito em Papai Noel. Não foi sempre assim, admito. Teve um tempo que passei descrente, cético mesmo em relação à existência do Bom Velhinho. Mas isso ficou no passado, preso à uma época em que eu sequer sonhava em ter filhos. Hoje, tudo mudou. Ainda bem.
Lá em casa, os meninos ainda não foram sacudidos pelo inevitável choque de realidade que um dia, menos dia, acaba nos atingindo. O Pedro, do alto dos seus 3 anos, confia naquela figura rechonchuda e não tem a mínima dúvida de que ele é, sim e como não, real. Já o João, aos 7, às vezes me bombardeia com algumas perguntas sobre, digamos, a logística empregada por Noel não apenas para dar conta de distribuir todos os presentes, como também, o mais difícil, entrar nas casas que há muito deixaram de ter chaminés. "Já sei como o Papai Noel entra aqui em casa: ele tem o poder de ficar pequenininho e passar pelo buraco da fechadura!", me disse essa semana. É claro! Como eu nunca havia pensado nisso! É assim que ele faz!
Faz umas duas semanas, os dois se encontraram com o Papai Noel em pessoa no shopping perto de casa. Como acontece todos os anos, conversaram com ele e, claro, preencheram suas cartinhas com os pedidos. Quer dizer, o João fez a dele e a do Pedro. Nada muito longo. Coisas simples, mas que, acreditem, o Papai Noel deve estar tendo o maior trabalho para achar, visto que algumas estão esgotadas ou fora de catálogo há algum tempo...
Desde sempre, sou em quem levo os meninos para ver o Noel. É meio que uma tradição, como a que eu tinha com o meu pai. Naquela época, quando eu tinha a idade do João ou até um pouco menos, esperava com uma ansiedade gigante a chegada do mês de dezembro. No interior onde eu morava, não acontecia como ocorre hoje, de as lojas exibirem decoração natalina ainda no início de novembro. Como uma religião, era só a partir do dia 1º que o comércio local se permitia manter as portas abertas até as dez da noite. E, quando isso começava a acontecer, era sinal de que o Papai Noel já havia chegado. Todos os anos, ele se acomodava numa grande cadeira na porta do maior (e único!) magazine da cidade, onde, pacientemente, recebia as crianças com as mesmas perguntas: "Obedeceu ao papai e à mamãe? Foi bem na escola? Foi bonzinho?". E claro, a pergunta que todos nós mais gostávamos de responder: "O que você quer ganhar do Papai Noel?". Lembro de ter respondido a essa pergunta dezenas de vezes, talvez centenas na minha memória. Impossível, no entanto, recordar do que pedi. Lembro, isso sim, da decoração natalina, das luzinhas piscando, da rua iluminada, do velhinho suando sob a barba falsa, encharcando a fantasia tão vermelha quanto à pele do seu rosto. Também me recordo do meu pai, ali do lado, atento à nossa conversa, quem sabe para tentar pescar o que afinal aquele menino tanto queria ganhar de Natal.
Agora, quando levo Pedro e o João para falar com o Papai Noel, também estico o ouvido para tentar pescar o que lhes pode fazer feliz. O ar-condicionado alivia o calor. Não estamos no meio da rua, mas dentro do shopping. A temperatura é constante, Noel não sua e, pasmem, tem barba e barriga de verdade! Ouço as perguntas. São exatamente as mesmas de quando eu era criança, como se esse velhinho de hoje fosse o mesmo de 35 anos atrás. E percebo como os meninos levam aquilo à sério, respondendo com sinceridade, apesar da timidez e da falta de jeito. Saco o celular e enquadro os três. Lembro que não tenho nenhuma foto minha com o velhinho. Os meninos riem. Papai Noel também.




Luiz Rivoiro, 41, é pai de João, 7, e de Pedro, 3. Jornalista, trabalhou na "Folha de S.Paulo" por 14 anos. É editor da revista "Playboy" e autor do livro "Pai É Pai - Diário de um Aprendiz". Escreve quinzenalmente para a Folha Online.

E-mail: paiepai@grupofolha.com.br


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