Uma pesquisa feita no Reino Unido com 2.000 pais mostra que 75% deles não sabem como proteger dos raios solares os olhos dos filhos. Segundo o estudo, quem compra um óculos de sol não pensa na proteção UV, mas no preço e na marca.
No Brasil, não há pesquisas com crianças, mas especialistas apontam uma grande confusão na hora de decidir por oferecer os óculos escuros aos filhos.
"Hoje, encontramos mais doenças oculares por causa dos efeitos prejudiciais dos raios UV. Principalmente no Brasil, todo mundo quer comprar coisa barata, e muitos óculos de sol ou de grau não têm a proteção adequada", alerta a oftalmologista Célia Nakanami, presidente da Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica e coordenadora do setor de oftalmologia pediátrica da Universidade Federal de São Paulo.
Para ela, a proteção ocular correta contra os raios ultravioleta é importante durante toda a vida. "Nas crianças, o cristalino [lente do olho] é muito transparente e absorve mais os raios. É um assunto polêmico, mas dizemos que crianças podem usar lentes solares, porque o efeito dos raios é cumulativo.
Por anos, pode prejudicar córnea, retina e cristalino." No entanto, até por volta dos três anos de idade, as crianças não devem usar óculos com lentes muito escuras para não prejudicar a visão, ainda em desenvolvimento. Isso porque elas precisam enxergar bem cores e imagens que lhes ajudarão a formar a visão.
Bebês
"Na minha opinião, um bebê nem conseguiria usar óculos, mas alguém com três ou quatro anos que tenha olhos claros pode ser sensível à luz e pedir um óculos de sol. Nesse caso, deve-se usar lentes de fundo verde, cinza ou marrom, não muito escuras", diz Rosa Maria Graziano, oftalmologista do Hospital das Clínicas de São Paulo e presidente do Departamento de Oftalmologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo.
Graziano alerta para o fato de que fotofobia intensa pode sinalizar doenças, como estrabismo e problemas na córnea. "A criança que não abre os olhos sob o sol precisa passar no oftalmologista para descartar outros problemas."
Para o oftalmologista Paulo Augusto de ArrudaMelo, presidente do Conselho Brasileiro de Oftalmologia, não há estudo que comprove a eficácia dessa proteção. "Bonés e viseiras são recomendados porque causam bem-estar à criança",diz.
"Nas crianças muito pequenas, bonés e viseiras são eficazes. Não há evidências científicas na população infantil, mas temos evidências em adultos e idosos, o que nos convence de que as crianças devem usar óculos com proteção UV", contrapõe Nakanami.
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