() David Gomes de SouzaÉ fato que as transformações econômicas vividas por uma cidade ou região têm conseqüências em toda a estrutura de produção local, na dinâmica urbana e até na vida da população. Não podia ser diferente na região do ABC, na Grande São Paulo. Berço da indústria automobilística brasileira, as cidades passam por um processo de mudanças que incluem a migração parcial das montadoras para outras regiões e estados e a incorporação de novas empresas e tecnologias, com ênfase nos setores de microeletrônica e informática.Nesse contexto, está sendo criado um novo cenário de desenvolvimento econômico na região e em todo o território brasileiro, com o surgimento de novas áreas industriais e eixos de desenvolvimento, que traçam um novo desenho territorial das atividades econômicas. A capacidade de reciclagem e ampliação de novos setores econômicos é que determinam o sucesso ou o fracasso das regiões nesses novos cenários. Em resumo, não adianta lamentar ou ignorar o processo de mudanças. Juntos, o poder público e a iniciativa privada devem agir para readequar e estimular as transformações, em um processo de transição que evite o colapso econômico dos municípios e, por conseqüência, o social.Em Santo André, diversas iniciativas envolvendo o poder público e os empresários da região procuram superar as barreiras impostas pelas mudanças e abrir novos caminhos de desenvolvimento, com ênfase em outros setores econômicos, principalmente o terciário. Esse processo leva em consideração as ótimas características do município e do seu entorno: localização estratégica próxima à capital a ao Porto de Santos, mão-de-obra qualificada, elevado nível de renda e diversidade produtiva.Não faltam exemplos dessa nova ordem de mudanças, com foco nas mudanças e criação de novas estruturas e modelos econômicos. Por parte do poder público, podemos citar o Programa Incubadora Tecnológica de Santo André, o Centro de Informação e Apoio à Tecnologia do Plástico e a criação da Universidade Federal do ABC. Dentre as iniciativas privadas, têm-se como exemplo a consolidação do Centro Tecnológico da Fundação Santo André, o Centro de Desenvolvimento de Software da TIM e modernização tecnológica das empresas da região.Essa nova ebulição econômica já dá uma idéia dos novos rumos de desenvolvimento econômico do ABC nos próximos anos. O processo, que ainda se encontra pulverizado, deve tomar novo impulso com a criação do pólo tecnológico de Santo André. O projeto de consolidação do pólo já está em curso e possui três dimensões: urbana, econômica e tecnológica. Em síntese, a proposta do novo pólo é sistematizar e articular as frentes e ações desenvolvidas pelos diversos agentes responsáveis por toda essa transformação que está sendo vivida pelos municípios que integram o ABC.O alcance econômico dos pólos tecnológicos é notável. Além de reduzir a mortalidade das empresas envolvidas no processo de inovação, por meio da capacitação gerencial, apoio à exportação e realização de eventos promocionais, o pólo vai facilitar o acesso à informação e transferência tecnológica, acesso a linhas de crédito, assessoria em gestão de empreendimentos e fomento à cooperação e ao associativismo. Para Santo André e região, trata-se de uma oportunidade de geração de empregos, renda e capacidade de inovação das pequenas e médias empresas.A realidade do ABC muda a cada dia que passa. Ao contrário do que se pensava, a pulverização do setor automobilístico para outros locais não decretou a morte econômica da região. Pelo contrário. O ABC continua cada vez mais rico, diverso e dinâmico. E novas oportunidades estão surgindo, cada vez mais.() O autor é advogado, pós-graduado em Administração de Empresas e diretor de Desenvolvimento Econômico de Santo André.