Uma jovem muçulmana de 18 anos encontrou hoje uma forma de freqüentar normalmente a escola pública na cidade francesa de Bischheim (leste) sem a necessidade de mostrar seus cabelos, como estabelece o Corão: ela usou uma peruca comprada por sua família na Turquia. "Usar uma peruca é psicologicamente duro, mas vou ter que me acostumar", garantiu a jovem, chamada Fátima, que usa véu há dez anos. Uma lei em vigor na França proíbe o uso de sinais religiosos ostensivos nas escolas públicas, entre eles o véu islâmico, além de grandes cruzes cristãs ou o "kippa" ou solidéu judaico. Segundo o ministério da Educação, a volta às aulas foi calma em todo o país e os efeitos da lei só poderão ser avaliados nas próximas semanas. De acordo com Hanifa Cherifi, encarregada pelo ministério da Educação de fiscalizar o cumprimento desta norma polêmica, as poucas jovens que foram à escola com a cabeça coberta aceitaram retirar o véu sem problemas dentro dos estabelecimentos de ensino. Foram poucos os casos de alunas que se negaram a retirar o véu, o que nesses casos a lei prevê que os pais ou tutores do menor devem comparecer numa reunião com a direção da escola. A legislação, aprovada em março passado pelo governo, foi recebida com receio pelos dirigentes muçulmanos da França, uma comunidade estimada em cinco milhões de pessoas. Sua aplicação coincidiu com o seqüestro de dois jornalistas franceses no Iraque por um grupo radical islâmico que exigiu a revogação desta lei em troca de sua libertação.