Insatisfeitos com os rumos da reforma agrária, os movimentos sociais do campo deram ontem um ultimato ao ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, e ao presidente do Incra, Rolf Hackbart: se o governo não iniciar imediatamente a reforma de maneira maciça, vai enfrentar uma onda de protestos no campo intensa e sem precedentes. Já há inclusive um calendário para os meses de abril e maio de atos em série que incluem invasões de terra, fechamento de rodovias, piquetes em prédios públicos, passeatas por Brasília e nas principais cidades, além de ocupação de agências do Banco do Brasil. Durante encontro com representantes de 30 entidades do campo, entre elas a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), a Pastoral da Terra, o Movimento dos Sem Terra e o de Pequenos Agricultores, o ministro Rossetto disse que até o fim do semestre, 47 mil famílias serão assentadas. "Os movimentos têm a sua agenda e suas expectativas. Nós temos nossas metas e vamos trabalhar para cumpri-las", afirmou Rossetto. Na reunião a portas fechadas, o ministro e o presidente do Incra ouviram do líder do MST, João Paulo Rodrigues, que na avaliação dos movimentos a atuação do governo no campo até agora não é nada promissora ""porque muito pouco foi feito"". Segundo ele, as metas do Plano Nacional de Reforma Agrária (PNRA), anunciadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em novembro de 2003, de assentar 115 mil famílias, estão muito longe de serem atingidas. "O prazo do governo já se esgotou. Não existe mais prazo, não existe mais trégua. Nós queremos que o governo mostre serviço e comece a fazer o assentamento das famílias. Se isso não for feito logo, nós vamos fazer mobilizações e vamos exigir a troca do time e do ministro", ameaçou o dirigente dos sem-terra.
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