Lançado oficialmente hoje de manhã pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em solenidade no Salão Nobre do Palácio do Planalto, o Brasil Alfabetizado, tem em Mato Grosso do Sul o mais abrangente programa de erradicação do analfabetismo do País. “Será o maior programa de alfabetização da história de Mato Grosso do Sul e o mais arrojado do país, tanto em número de pessoas quanto de segmentos sociais a serem incluídos”, disse o secretário de Estado de Educação, Hélio de Lima, que representou o governador Zeca do PT no evento. Segundo ele, a meta é alfabetizar até 2004, só através da rede estadual, 40 mil dos 160 mil analfabetos apontados em estatísticas do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).Além dos segmentos que tradicionalmente são alcançados, o programa em Mato Grosso do Sul vai alfabetizar comunidades indígenas, trabalhadores rurais assentados ou acampados, negros e portadores de necessidades especiais, como surdos e cegos - para este segmento será utilizado o braile. No caso das cerca de 80 mil famílias beneficiadas pelos programas Bolsa-Escola e Segurança Alimentar, pai e mãe analfabetos também terão de participar. A perspectiva de alcance do Brasil Alfabetizado pode ir além da meta oficial. É que, além dos 40 mil analfabetos que deverão ser abrangidos pela rede estadual, as 77 Prefeituras e entidades representantes da sociedade, estimuladas pelos governos federal e estadual, também se envolverão no programa, atuando junto a outros segmentos com índices altos de analfabetismo. Banco do Brasil, Sesi (Serviço Social da Indústria) e MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ) e UNE (União Nacional dos Estudantes) são algumas das entidades que participarão da “cruzada” contra o analfabetismo em Mato Grosso do Sul.Ainda não é possível fazer uma estimativa do número total de pessoas que serão alfabetizadas nesse primeiro ano do programa mas, segundo o secretário, é certo que o universo de 160 mil analfabetos detectado pelo IBGE no Estado ficará bem reduzido. “O Ministério da Educação considera que o programa elaborado pelo governo de Mato Grosso do Sul é, entre os estados, o mais inovador, abrangente e de maior inclusão no processo de alfabetização”, afirma Hélio de Lima. A União já liberou metade dos R$ 3,2 milhões que serão usados para custear todas as etapas do programa durante um ano. O restante, já assegurado pelo Ministério da Educação, será liberado no decorrer do programa. Segundo o secretário, o governador Zeca do PT determinou que todos os órgãos oficiais estaduais vinculados às diversas secretarias se envolvam no processo. A orientação atende também ao chamamento feito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que na solenidade de hoje de manhã pediu a participação de toda a sociedade para que a alfabetização ganhe dimensões de “uma campanha de vacinação em massa para matar o vírus do analfabetismo”. Segundo Lula, mais que dinheiro ou de estrutura, o enfrentamento ao analfabetismo - que atinge cerca de 20 milhões de brasileiros - necessitava de disposição política. O presidente chamou a atenção dos educadores que se envolverão na campanha para um detalhe que considera fundamental: “As pessoas têm vergonha de ser analfabetas”, disse ele que, para pedir que os educadores vão em busca dos analfabetos, lembrou a história de seu próprio pai, já falecido. Estivador no Porto de Santos (litoral Sul de São Paulo) Aristides, o pai do presidente, não sabia identificar uma letra do alfabeto, mas no ônibus ou no trem, andava sempre com um jornal aberto, como se estivesse lendo. Sua mãe, dona Eurídice Ferreira de Mello, conhecida como dona Lindu, também morreu analfabeta.O presidente fez questão de lembrar sua história familiar para afirmar que, na sua opinião, as pessoas não deveriam ter o direito de deixar de aprender a ler e a escrever. “A alfabetização tem que ser uma obrigação. É um dever de todos, uma revolução que deve começar por nós mesmos. A pergunta que cada um deve se fazer é: `o que é que eu estou fazendo?`”, disse o presidente, exortando os brasileiros a começarem, já de dentro de casa, o combate ao analfabetismo. “Tem muita empregada doméstica analfabeta trabalhando em casa de professor universitário pós-graduado”, cutucou.O presidente Lula liberou R$ 278 milhões para custear o programa em todo o País. A meta do governo federal é alfabetizar 20 milhões de pessoas até 2006: 3 milhões em 2003, 6 milhões em 2004, 6 milhões em 2005 e 5 milhões em 2006.
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