Os funcionários da fábrica da Volks em São Bernardo do Campo decidiram em assembléia realizada nesta terça-feira não aceitar qualquer proposta da companhia que envolva demissões e redução de direitos, como exigiu a direção da empresa. Com o impasse nas negociações, as discussões continuam até sexta-feira, prazo dado inicialmente pela Volks para que os trabalhadores definissem a adesão ou não ao plano de reestruturação com demissões, sob ameaça de fechar a fábrica. Segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, José Lopes Feijoó, se até sexta não houver acordo, a categoria pretende lutar por seus direitos, mesmo sob a ameaça de fechar a fábrica. "Vejo muita forma de pressão e desconfio de aproveitamento eleitoral", disse ele. No sábado, está prevista uma plenária na sede do sindicato, em São Bernardo, para discutir qual será a estratégia adotada pela categoria para enfrentar a montadora. Uma dos caminhos pode ser a greve. A Volks disse que não vai se pronunciar sobre a decisão dos trabalhadores e que mantém o prazo para um acordo até sexta-feira. Ameaça A Volks apresentou o plano de reestruturação em 3 de maio, alegando necessidade de cortar quase 6 mil trabalhadores nas fábricas de São Bernardo (3,6 mil), São José dos Pinhais (1,4 mil) e Taubaté (700). Até agora, só os 4,5 mil funcionários de Taubaté aceitaram o plano e 160 já deixaram a empresa, com incentivos. A montadora alega que em setembro haverá reunião da matriz na Alemanha para definir novos investimentos. Sem o acerto com os funcionários, a unidade de São Bernardo, mais antiga do grupo, inaugurada há 47 anos, ficará fora do plano e há risco de encerramento das operações. Segundo a empresa, a redução de 3,6 mil empregados até 2008 considera a vinda de novos investimentos. Caso não haja acordo, a fábrica não receberá novos modelos e terá a produção reduzida dos atuais 900 carros por dia para 300. Com isso, deve haver um corte adicional de 2,5 mil funcionários, totalizando cerca de 6 mil demissões, metade do que a fábrica emprega hoje: 12 mil.