Com a participação de representantes do Ministério da Educação, das Universidades UFGD, de Dourados e UCDB, de Campo Grande, da Fundação Nacional do Índio, das prefeituras de Dourados, Eldorado, Ponta Porã, Maracaju, Coronel Sapucaia, Antônio João e Juti, da Secretaria estadual de Educação e das lideranças do Movimento dos Professores Indígenas, foi formalizada na manhã desta sexta-feira, dia 18 de agosto a proposta do curso de Licenciatura Indígena, voltado à formação de professores indígenas, cujo processo de seleção às 60 vagas oferecidas acontece no Vestibular Especial da UFGD em setembro. A solenidade foi presidida pelo reitor Damião Duque de Farias.Ao participar do encontro, o assessor do Ministério da Educação na área indígena, Kleber Gesteira de Matos, titular da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do MEC, destacou o compromisso da UFGD, da UCDB e das instituições parceiras desse projeto. “A abertura desse curso, logo de partida, após a instalação da Universidade, é muito significativa. As Universidades públicas do nosso País nem sempre primam por essa atenção à questão étno-cultural do nosso povo; por isso, esse é um marco no Sistema Federal de Ensino”, disse.O professor da aldeia indígena Teí-y Cuê, de Caarapó, Otoniel Eduardo, que falou em nome da primeira turma de contemplados com esse curso de formação superior, lembrou a luta de quase dez anos. “Esse curso vem para fortalecer mais os valores da cultura do guarani-kaiowá, foi uma luta difícil e agora temos o desafio de manter esse projeto”, comentou o professor indígena. Professores de municípios vizinhos, das aldeias de Dourados e o membro do Conselho estadual dos Direitos Indígenas, Anastácio Peralta, também destacaram a iniciativa. “A partir de agora, vamos poder mostrar que índio não é só suicídio, bêbado, e que intelectualidade não é só saber escrever, mas conhecer e participar da realidade local”, lembrou Peralta.As professoras Adir Casaro do Nascimento (UCDB) e Magda Sarat Oliveira (UFGD), integrantes da Comissão Interinstitucional responsável pela condução desse projeto, também falaram desse desafio. “É quase um fato inédito uma instituição de ensino superior que já nasce com esse propósito”, comentou a professora Adir, destacando a identidade “que respeita a diferença” da criação da UFGD, observando que a UCDB tem compromisso histórico com os povos indígenas do Estado. “Temos desenvolvido um trabalho de acompanhamento e assessoria para implementar projetos em relação aos povos guarani-kaiowá e participamos desse trabalho da UFGD com a responsabilidade de estar, paritariamente, garantindo a formação desses professores indígenas”, disse ela. Pela UFGD, Magda complementou dizendo que o envolvimento dessas entidades vai garantir a construção de um projeto capaz de contemplar os anseios da luta histórica dos professores indígenas. Também discursaram a representante da Secretaria estadual de Educação, Mirian Moreira Alves e o secretário de Educação da Prefeitura de Dourados, Antônio Leopoldo Van Suypene, sinalizando a importância da educação escolar indígena e agora o reforço que o setor ganha com a formação dos professores, a partir da união de propósitos entre os Governos federal, estadual e municipal. Gustavo Menezes, da Funai em Brasília, disse que o curso que será oferecido na UFGD “deverá servir como referência, pela seriedade e transparência como está sendo proposto”.