O governador de São Paulo, Cláudio Lembo (PFL), afirmou hoje que transferir presos perigosos de penitenciárias paulistas para o presídio federal de Catanduvas (PR) poderia prejudicar a fonte primária de informações das autoridades estaduais, criando novas barreiras na hora de interrogatórios. "Temos um problema. Vale a pena retirar (os presos) de São Paulo e perder a fonte de informação imediata?", questionou Lembo, acrescentando que, para novos interrogatórios, seriam necessários mais burocracias e deslocamentos. "Portanto, temos pensado nisso com muito equilíbro e não existe nenhum preconceito contra Catanduvas da nossa parte. Ao contrário", disse Lembo após uma reunião entre órgãos de segurança de São Paulo e as Forças Armadas para oficializar a cooperação entre os governos federal e estadual contra o crime organizado. O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, presente no evento, reforçou que as vagas na penitenciária de segurança máxima de Catanduvas para o governo paulista estão à disposição, mas que a decisão de transferências era das secretarias de Administração Penitenciária e de Segurança Pública do Estado. A crise de segurança de São Paulo se agravou em maio, com rebeliões em presídios e ataques a alvos policiais, justamente após o governo do Estado isolar líderes de facções criminosas que agem dentro das cadeias. Considerado o líder do grupo criminoso Primeiro Comando da Capital (PCC), Marcos Camacho, o Marcola, foi transferido em maio para Presidente Bernardes, no interior de SP. Lembo afirmou não temer uma nova retaliação de criminosos no caso de uma possível transferência e disse que os principais líderes estão "à mão" das autoridades, em Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), que os deixam isolados em presídios de segurança máxima, como Marcola. A penitenciária de Catanduvas, inaugurada pelo governo federal em junho, teve como primeiro preso em suas dependências o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, transferido em julho.