Um projeto da Itaipu Binacional com o apoio de autoridades municipais de Hernandarias, município vizinho a Ciudad del Este, causou polêmica entre políticos e representantes da comunidade. Conforme informações divulgadas pela imprensa, a entidade binacional pretende gastar G$ 3,1 bilhões (cerca de R$ 1,2 milhão) para construir um muro de 7,2 km para isolar seu perímetro da cidade que a abriga.
De acordo com publicações do Diário Última Hora, o projeto da “grande muralha chinesa do Alto Paraná”, apelido irônico que lhe foi dado, supostamente, por alguns empregados de Itaipu, foi desenvolvido em tamanho segredo que até mesmo alguns funcionários da própria prefeitura de Hernandarias o desconheciam, ignorando também o fato de que a Junta Municipal (Câmara de Vereadores) havia aprovado a construção da obra.
É o caso do Diretor de Obras da cidade, Arturo Bracho, que, depois de ausentar-se de seu cargo por alguns dias, foi “surpreendido” com questionamentos sobre a aprovação da obra da qual, sequer, teria sido informado.
O Última Hora noticiou que a Itaipu Binacional pretende construir o gigantesco muro como forma de evitar o roubo de cabos elétricos e lâmpadas, assim como a entrada de caçadores nas áreas verdes que cercam a entidade. Por sua vez, vereadores e políticos de Hernandarias deram sugestões para que a obra receba pinturas artísticas para converter-se em uma atração turística para a cidade.
“Sim, recebemos a proposta, mas não será só a muralha. A entidade diz dispor de US$ 2 milhões para investir em obras na região, das quais um milhão será para a construção do muro, mas também incluirá uma ciclovia e barracas para os artesãos”, explicou a vereadora e prefeita interina, Carmen Alvarez.
Críticas
Algumas das principais críticas ao projeto partiram de Carlos Alvarez, dirigente do Partido Liberal Radical Autêntico (PLRA), o mesmo do diretor paraguaio de Itaipu, Carlos Mateo Balmelli, no departamento (estado) de Alto Paraná.
“Pelo pouco que conhecemos, é um projeto que será faraônico, e resultará em uma espécie de Muro de Berlim entre a Itaipu e a cidade de Hernandarias, criando uma maior separação física quando o que buscam os líderes desta região é uma maior interação que contribua ao desenvolvimento social e não à exclusão”, afirmou.
Alvarez criticou o fato de que tamanha soma seja gasta na construção de uma obra que, segundo ele, pouco contribui para resolver os problemas sociais da cidade e que, da mesma forma, não atenua outros paradoxos da “Capital da Energia” do Paraguai.
“É uma enorme contradição: Hernandarias é a sede da maior hidrelétrica do mundo, mas a energia é cortada toda hora, causando milionárias perdas às pessoas que trabalham, e, em vez de solucionar isso, vão gastar G$ 3,14 bilhões para fazer uma muralha!”, exclamou o dirigente.
“Muitos empresários que querem vir investir nesta região não podem fazê-lo, porque se colocam para trabalhar uma pequena carpintaria, os fusíveis já caem. Se fosse usada parte dos milhões de guaranis que serão gastos desnecessariamente para construir a grande muralha para melhorar o sistema de distribuição de energia, os moradores de Hernandarias seriam muito mais beneficiados, e não estaríamos vivendo ao lado da maior represa do mundo, mas iluminando-nos com velas”, complementou.
Problema Interno
Por sua vez, Elvio González, dirigente do Foro Social de Hernandarias, afirmou que a construção do muro não terá grandes impactos sobre o roubo de cabos, lâmpadas e sobre a caça ilegal dentro do perímetro da entidade, uma vez que, segundo as declarações do político ao Diário Última Hora, “os que roubam os cabos são os próprios funcionários da Itaipu, e os próprios guardas deixam entrar os caçadores furtivos”.
González, assim como os demais opositores à construção do muro, defendeu que o dinheiro deveria ser usado para combater problemas sociais da cidade paraguaia que abriga a sede da hidrelétrica.
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