O jovem Adriano da Silva, 25 anos, preso hoje acusado de matar crianças no Rio Grande do Sul, confessou à polícia ser o autor da morte de pelo menos 12 menores no norte do Estado. Após ser detido, em Maximiliano de Almeida (RS), ele deu alguns detalhes dos crimes, realizados nos últimos 16 meses. Todas as vítimas eram crianças e tinham entre 8 e 13 anos. De acordo com a Rádio Gaúcha, Adriano confessou ter matado o menino Daniel Lourenço, de 13 anos, na cidade de Sananduva e também outras crianças na região de Passo Fundo. Nos últimos 10 meses, 14 crianças foram assassinadas na região. Agora, ele aguarda transferência para penitenciária de alta segurança de Charqueadas. Segundo o delegado de Sananduva, Celso Rigatti, o criminoso forneceu informações detalhadas sobre o assassinato de Daniel, mas em relação aos outros crimes, fica a dúvida, pois faltaria a realização de reconhecimento pessoal e realização de reconstituição. Rigatti informou que Adriano concordou em fornecer sangue para a realização de exame de DNA. Já conforme o delegado de Lagoa Vermelha, Paulo Floriano Machado, que também acompanhou o depoimento, Adriano contou "tudo e sabe de cor o nome das vítimas, relembra as datas e relatou detalhes". Sem demonstrar qualquer emoção, o homem contou que abusava sexualmente das crianças somente depois de matá-las. O delegado Machado disse ainda que o assassino promete mostrar os locais onde realizou os crimes, relatar os fatos e fazer a reconstituição nos próximos 30 dias - tempo da prisão temporária. "Nós matamos. Eu e uma pessoa que está dentro de mim", teria dito a policiais. A polícia já confirmou nove crimes, sendo seis em Passo Fundo, um em Lagoa Vermelha, um em Sananduva e um em Erexim, no Vale do Rio Pardo. A autoria dos outros crimes precisa ser ainda comprovada através de provas técnicas (exame de DNA, reconstituição do crime). Ao ser detido pelo tenente Gilmar Sanujeden do posto da Brigada Militar, o assassino admitiu participação nos crimes. Ao ser preso, disse: "Caiu a casa!". O depoimento de Adriano da Silva teve início às 20h de terça-feira e se estendeu por toda a madrugada de quarta. Ele foi ouvido na presença de duas promotoras de Justiça, quatro delegados e um advogado de defesa. Conforme a polícia, foi dada toda a garantia constitucional da integridade física do preso. De acordo com a Rádio Gaúcha, Silva, que seria encaminhado para Sananduva, teve que ser transferido para Lagoa Vermelha para prestar depoimento pois mais de 200 pessoas o aguardavam naquele município, para um possível linchamento. O jovem segue agora para o presídio de Lagoa Vemelha enquanto aguarda transferência para penitenciária de alta segurança de Charqueadas. Ao deixar a delegacia de Lagoa Vermelha, Adriano disse que sentia muita pena pela família das crianças, mas que não poderia fazer mais nada. O acusado foi preso por volta das 15h de terça-feira em Maximiliano de Almeida, interior do Rio Grande do Sul. Adriano foi encontrado enquanto caminhava em meio a mata, à beira de uma barragem, em direção a Santa Catarina. A Polícia Civil da cidade de Sananduva pediu ontem à Justiça a prisão temporária de da Silva, foragido da polícia no Paraná depois de ter sido condenado a 27 anos de prisão por latrocínio e ocultação de cadáver. Ontem, o Departamento Médico Legal confirmou que o menino Daniel Bernardi Lourenço, de 13 anos, sofreu abuso sexual. Ainda não foram divulgados exames de DNA feitos a partir de secreções encontradas no corpo do garoto. O homem é suspeito ainda de ter participado dos assassinatos de Luciano Rodrigues, nove anos, e de Leonardo Dornelles dos Santos, oito, ocorridos em outubro, em Passo Fundo. Desde o desaparecimento de Daniel, a Polícia realiza intensas buscas na região norte do estado. Ontem, a procura na área rural da cidade, onde Daniel foi morto, contou com a ajuda da Brigada Militar de Caxias do Sul. Cerca de 50 homens fizeram buscas na mata e em barreiras nas saídas da cidade para Lagoa Vermelha, Cacique Doble, São João da Urtiga e Getúlio Vargas. Cartazes de "procura-se" foram confeccionados com a imagem do suspeito e fotos de Adriano foram distribuídas por toda a região. O cerco ainda contou com cães farejadores e com o apoio da comunidade. Um avião Ximango, da Brigada Militar, fez inspeções aéreas pelo município.