Em resposta à movimentação do PFL e do PSDB, a base governista estuda retirar o status de ministro do presidente do Banco Central, mas mantendo o foro privilegiado. Nesta quarta-feira, a oposição aprovou em comissão provisória o relatório do deputado federal José Roberto Arruda (PFL-DF), que derruba os critérios de relevância e urgência para a tramitação da medida provisória original na Câmara. A informação ainda não foi oficializada, mas confirmada em "off" por aliados do Palácio do Planalto.Segundo as mesmas fontes, o deputado Ricardo Fiúza (PP-PE) é o cotado para ser o relator e autor da modificação. Alguns aliados acreditam que dessa maneira conseguirão minimizar as críticas do PFL e do PSDB. Além de conquistar votos dentro da base aliada - que conta com dissidências -, o governo tentará impedir uma eventual convocação de Meirelles para se explicar no Congresso sobre as denúncias de evasão de divisas e sonegação fiscal, além de evitar, ainda com o foro privilegiado, que algum promotor autorize uma devassa sem aviso em pleno Banco Central, a exemplo do ocorrido há duas semanas na sede da Caixa Econômica Federal. José Roberto Arruda afirma que o governo teve bom senso ao recuar da "instalação do parlamentarismo", já que pela primeira vez um ministro de governo dependeria do aval do Congresso para assumir o cargo. Mesmo sendo favorável à retirada do status de ministro, o pefelista diz que isso não é o suficiente para a oposição apoiar a "nova" medida provisória."O governo recuou em uma parte. A outra parte tem que abrir mão é de apresentar a proposta da medida provisória que requer urgência e relevância. É urgente por quê? O dr. Meirelles teria algo a esconder?", indaga o deputado. Oficialmente, porém, nenhuma liderança - nem governo, nem oposição - fala sobre o assunto. Por enquanto, Henrique Meirelles mantém o status de ministro e o foro privilegiado até votação da MP na Câmara e no Senado.