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Furo no vazio sanitário prolonga restrições à carne do Sul

18 agosto 2006 - 16h05

A quebra das regras sanitárias imposta pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento impossibilitou de avançar no processo de suspensão das restrições sanitárias impostas a produtos de risco nos municípios de Eldorado, Japorã e Mundo Novo, regiões atingidas com a ocorrência de febre aftosa, disse o secretário da Produção, João Cavalléro. Nota técnica destribuída hoje confirma o prolongamento das restrições.“Ao contrário do que prevíamos, os municípios permanecerão fechados até que seja feita outra coleta de soro-sangüíneo, dessa vez mais minuciosa”, ponderou o secretário de Produção e Turismo e diretor-presidente da Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro), João Cavalléro, ao comentar que 62% das 68 propriedades onde foram colidas amostras declararam ter vacinado o rebanho contra febre-aftosa.O fato é que essa vacinação irregular acabou por interferir no resultado da sorologia onde se espera comprovar a ausência de circulação viral. “Havíamos estabelecido regras sanitárias. Todos os animais identificados foram brincados. Porém, talvez até por insegurança, os produtores acabaram vacinando esses animais e assim interferiram no resultado da investigação sorológica”, explica Cavalléro. Confira na íntegra a Nota Técnica nº. 37 do Departamento de Saúde Animal, assinada pelo diretor do DSA, Jamil Gomes de Souza.“Em continuidade às ações para saneamento da região de Mato Grosso do Sul atingida pele ocorrência da febre aftosa, precedeu-se à investigação sorológica em propriedades rurais próximas aos focos da doença registrados nos municípios de Eldorado, Japorã e Mundo Novo. Tal investigação constitui fase prevista nos trabalhos de erradicação, sendo realizada após e termino das atividades de sacrifício sanitário, vazio sanitário e introdução de animais sentinelas. Busca sustentar, com base científica, o processo de suspensão das restrições sanitárias impostas a produtos de risco oriundos de região sob interdição e representa condição estabelecida nas normas internacionais para restituição da condição sanitária da zona livre de febre aftosa com vacinação.A investigação representou estudo populacional por amostragem, conduzido em duas etapas: na primeira, todas as amostras colhidas foram avaliadas frente ao sistema de diagnóstico para detecção de anticorpos contra proteínas não-estruturais do vírus da febre aftosa; na segunda, naquelas propriedades onde foi identificada pelo menos uma amostra reagente, foi realizada nova colheita de todas as amostras obtidas na primeira fase, para avaliação frente ao sistema de diagnóstico empregado. Esse delineamento está recomendado no Código Sanitário para os Animais Terrestres, para avaliação da circulação viral após ocorrência de doença em regiões onda é realizada a vacinação contra febre aftosa. Para sua correta aplicação, todos os animais receberam identificação individual e os proprietários foram notificados oficialmente sobre a necessidade de não realizarem a vacinação contra febre aftosa, a partir de maio de 2005, nos animais sorteados para participar do estudo.O estudo envolveu 382 propriedades rurais, onde foram obtidas, considerando a primeira e a segunda colheita, 9.947 amostras de soro-sangüíneo de bovinos de 6 a 24 meses de idade, de acordo com os parâmetros estatísticos e epidemiológicos considerados. Nas propriedades envolvidas no estudo, durante toda a investigação, o serviço veterinário estadual não registrou suspeitas clínicas da doença. Como informado na Nota Técnica DSA 34, na primeira fase do estudo foram observadas 68 propriedades com pelo menos um bovino reagente ao sistema de diagnóstico empregado. Nessas propriedades, como previsto, foram colhidas novas amostras. Após o segundo diagnóstico, permaneceram 55 propriedades com pelo menos um bovino reagente, totalizando 214 animais reagentes. Destaca-se que 88% dos bovinos reagentes apresentavam mais de duas vacinações contra a febre aftosa. O serviço veterinário estadual (IAGRO) informou que, ao investigar com maior profundidade as propriedades que permaneciam com bovinos reagentes verificou que, em 62% delas a determinação oficial de não proceder à vacinação dos animais não foi cumprida.Diante do exposto, e considerando os resultados finais encontrados, não há possibilidade de avançar neste momento no processo de suspensão das restrições impostas nos três municípios envolvidos, devendo a interdição ser mantida, além da intensificadas as ações da vigilância na região. Novo estudo para comprovar a ausência de circulação viral na região deverá ser conduzido”.  

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