Apesar de ter as regras definidas desde maio, o uso do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) no lance do consórcio imobiliário não saiu do papel e, segundo as administradoras, prejudicou os consumidores.
Para as principais administradoras de consórcio do país, usar o FGTS como parte de pagamento da carta de crédito ou lance significa problemas.
Isso porque os consumidores que se animam a usar o FGTS não encontram informações na maioria das agências da Caixa Econômica Federal. Os consorciados dizem que os funcionários do banco muitas vezes nem sabem da possibilidade do uso do FGTS no consórcio e, pior, nem estão interessados em saber.
"Já ouvi cliente dizer que os funcionários da Caixa não estavam interessados em atendê-lo porque mexer com FGTS não dá lucro. Já tratar de financiamento com o Fundo de Amparo ao Trabalhador gera comissão para eles", afirmou José Tadeu Mota, diretor do consórcio Porto Seguro.
No caso do FGTS como lance, o problema pode prejudicar o grupo de consorciados como um todo, segundo Mota. Isso porque, quando aceito como lance, o dinheiro do FGTS do trabalhador só é liberado após a escritura do imóvel estar em seu nome.
O atraso nas contemplações de outros consorciados só não chegou a ocorrer porque o uso do FGTS como lance é recente. Hoje, na média, 10% das contemplações ocorrem com o lance de saldo do FGTS. O que significa que o problema de atraso nas contemplações pode pipocar mais tarde.
Consuelo Amorim, presidente da Abac (reúne as administradoras de consórcios), já fez algumas reuniões com a Caixa para tentar resolver a questão do lance. "Pedimos que o saldo do FGTS, como qualquer dinheiro, vá para o fundo do grupo. Só assim não há risco de outros se prejudicarem com isso." Já houve três reuniões, mas ainda não saiu nenhum acordo.