São milhares as revistas e os jornais católicos do mundo que, todos os meses, oferecem a seus leitores uma meditação que os ajude a penetrar no coração do Evangelho e torná-lo fonte de renovação pessoal e social. É a assim denominada “Palavra de Vida”, escrita por Chiara Lubich, fundadora do Movimento dos Focolares.
No mês de julho, a frase bíblica aprofundada por Chiara foi do Evangelho de Lucas: «Vendei vossos bens e dai o dinheiro em esmola. Fazei para vós bolsas que não se estraguem, um tesouro no céu, que não se perde; ali o ladrão não chega nem a traça corrói. Pois onde está o vosso tesouro, ali estará também o vosso coração» (Lc 12,33-34).
Em seu comentário, Chiara lembra que o amor de Deus por nós é infinito. Por isso, nos pede tudo! Não nos quer escravos de nada e de ninguém, para que sejamos livres para amar. Ele sabe que, o que guardamos para nós, apodrece e nos faz mal. Quanto mais nos apegamos a coisas e pessoas, mais escravos delas nos tornamos. Foi o que Jesus quis dizer ao falar: «Dificilmente um rico entrará no reino de Deus» (Mt 19,23). Rico é o que tem como Deus e céu de sua vida os bens deste mundo, sejam eles materiais, culturais ou até mesmo religiosos. Para nos preencher com o tudo que é sua graça, Deus precisa encontrar em nós um “vazio” que seja fruto de um amor gratuito e totalitário.
Em sua meditação, Chiara nos ilumina com uma das verdades mais profundas e descorcertantes: «Você só tem realmente aquilo que dá». É quanto consegue dar e se doar que torna a pessoa adulta e madura. Jesus sintetizou tudo isso nas palavras que foram colhidas por São Paulo: «Há mais felicidade em dar do que em receber» (At 20,35). O apego às riquezas obstacula a prática da solidariedade. O que enriquece é o amor. E, se o que vale e conta é ser rico diante de Deus (Cf. Lc 12, 21), nada mais acertado do que transformar a vida numa série interminável de atos de amor verdadeiro.
Como se sabe, são uma multidão as pessoas que procuram a religião apenas para sair de um conflito ou crise e obter uma vida boa e tranqüila, sem preocupação ou sofrimento de espécie alguma. É o que parecem incentivar a fazer as assim denominadas “Igrejas da prosperidade”. O que vale é ter saúde e dinheiro, esquecendo a admoestação de São Paulo: «Quando as pessoas pensarem ter paz e segurança, então, de repente, a ruína cairá sobre elas, e não conseguirão escapar» (1Tes 5,3).
Em certo sentido, pode-se dizer que a própria Bíblia precisou rever a sua posição a esse respeito. Uma leitura superficial e literal do Primeiro Testamento favorecia a interpreta-ção de “saúde e prosperidade” para os amigos e Deus, e aflição e castigo para quantos faziam o mal. Só que, na prática, o que se via acontecer no dia-a-dia nem sempre correspondia a esse sonho. Havia pessoas santas, como Jó, que, apesar de terem procurado agir corretamente, passavam por grandes dificuldades. Talvez tenha sido por isso que o Eclesiástico precisou reconhecer e avisar: «Se te decides servir a Deus, prepara a tua alma para a pro-vação» (Eclo 2,1).
Os bens deste mundo só têm sentido se colocados a serviço dos valores éticos e morais. Caso contrário, são um grande mal, pois ocupam o lugar de Deus no coração humano, tornando-o insensível ante as necessidades dos irmãos. É o que afirma Chiara Lubich, com seu jeito carinhoso e perspicaz: «É isso que você deve fazer: preparar as malas. Nos tempos de Jesus, talvez as malas se chamassem de bolsas. Prepare-as dia após dia. Procure enchê-las com aquilo que pode ser útil para os outros. Você só tem realmente aquilo que dá. Lembre-se de quanta fome existe no mundo. Quanto sofrimento. Quantas necessidades. Ponha nessas malas também todo gesto de amor, toda obra em favor dos irmãos. Faça essas ações por ele. Diga-lhe, do fundo do coração: “Por ti!” E faça-as bem, com perfeição. Elas estão destinadas ao céu, permanecerão para a eternidade».
Assim sendo, poderemos sem medo inverter as palavras de Jesus – «Dificilmente um rico entrará no reino dos céus» – e afirmar que só os ricos entrarão no reino de Deus... Você levará para o além somente – e tudo – aquilo que doou durante a vida. E o que guardou egoisticamente para si, deixará para outros. Com efeito, a eternidade – qualquer que seja ela, céu ou inferno – é uma casa que se habita depois da morte, mas se constrói aqui na terra, passo a passo, gesto por gesto, durante a longa ou curta peregrinação terrena...
Dom Redovino Rizzardo, cs
domredovino@terra.com.br
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