Maria Newnum Tenho tentado acompanhar o momento da minha Igreja Metodista - no seu passo para trás na questão ecumênica, com o mínimo de sensatez que se requer nesse momento. Ora, a caminhada ecumênica é coisa de sangue, de vivência, de maturidade cristã. Quem tem, não deixará de ter. Para mim é simples assim. Lógico, sou inteligente o suficiente para compreender as questões embaixo desse pano. Nisso me veio a lembrança do Kama Sutra, que revela imagens de peripécias sexuais. Tem gente que jura que nunca viu. Eu vi e achei fraquinho, dado o surrealismo das posições proposta no livro, cheio de malabarismos impraticáveis para a maioria dos mortais. Evidentemente há quem se “acha” e o coloca a vista na prateleira da estante pra dizer que é “o tal”.Já vi um exemplar na estante de um sujeito. Soube inclusive que ele, certa feita, o jogou aberto sob a mesa de sua secretária. A pobrezinha ficou tão desconcertada que pediu demissão. Ela errou feio. Poderia simplesmente ter dado umas boas gargalhadas da pretensão do sujeito; ou tê-lo denunciado por assédio sexual.Além da visão exacerbada sobre a sua potência sexual, demonstrada por essa atitude no mínimo patética; percebo que esse sujeito carrega esse sentido de orgia do Kama Sutra para o ataque contra o ecumenismo. Coitado, não dá para saber no que ele é menos dotado - de conhecimento.O pior é que esse sentido de orgia, de bagunça e de promiscuidade é uma confusão na cabeça de muitas pessoas de diferentes denominações. Mas de forma nenhuma se deve colocar essas pessoas no mesmo nível do sujeito acima. Não!A maioria das pessoas que vêem no ecumenismo um tipo de “orgia” entre as religiões, nem ao menos sabe distinguir entre o ecumenismo: relações fraternas entre as religiões cristãs; católicos e protestantes e o macro-ecumenismo: relações fraternas entre religiões cristãs e não cristãs.Aparece aqui um grande desafio para os organismos ecumênicos no Brasil: superar a visão equivocada do ecumenismo como um tipo de “orgia” religiosa, onde tudo pode.O manual Ser Ecumênico é... do CONIC é muito rico para ajudar na superação desses equívocos. Lá se diz que ecumenismo não é:Mistura de tudo num novo cristianismo; disfarce para uma Igreja dominar a outra; algo que afaste a pessoa da sua própria Igreja; fazer todos concordarem em tudo; fingir que as diferenças não existem; desvalorizar as normas de cada Igreja; deixar de lado o espírito crítico diante de qualquer grupo cristão.Quem conhece ou vier a conhecer esses princípios básicos dificilmente verá relação entre a seriedade do ecumenismo e as safadezas do Kama Sutra.Mas vale lembrar, entre explicar e confundir; sempre haverá os que preferem a segunda opção; na tentativa de demonstrar que são mais “dotados” em uma “coisa” ou outra. Maria Newnum é pedagoga, mestre em teologia prática, vice-presidente do Movimento Ecumênico de Maringá e Conselheira no Conselho Municipal da Mulher de Maringá. Para comentar ou ler outros artigos acesse: http://br.groups.yahoo.com/group/LittleThinks/