O Conselho Regional de Medicina (CRM), secção Paraíba, vai investigar as causas da morte da dona de casa Ana Cláudia de Oliveira Godeiro, de 34 anos. Ela sofreu complicações após se submeter a uma cirurgia plástica de lipoaspiração na última sexta-feira, no Memorial Santa Tereza, no bairro da Torre, em João Pessoa. Em apenas 21 dias este foi o segundo registro de morte devido a complicações pós cirurgia de lipoaspiração na capital paraibana. No último dia 11, a psicóloga baiana Conceição de Maria Palha, de 31 anos, morreu ao apresentar complicações também após uma cirurgia de lipoaspiração.
Ana Cláudia chegou a ser transferida para o Hospital da Unimed na manhã do sábado, dando entrada direto para a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), mas morreu às 7h50m da segunda-feira. O corregedor do CRM, Mário Toscano, informou que o conselho abrirá uma sindicância para apurar as causas da morte da dona de casa. Ele esclareceu que até a tarde desta quarta-feira não havia sido apresentada nenhuma denúncia por parte da família ou de parentes, mas, independentemente da queixa, será aberta uma sindicância.
- Vamos recolher dados publicados na imprensa para investigar o óbito - afirmou.
Ana Cláudia era casada e tinha três filhos pequenos, com idades de 6, 9 e 10 anos. Ela era natural de Mossoró, no Rio Grande do Norte, mas há cinco anos residia na cidade de Patos, distante 300 quilômetros da capital paraibana.
Segundo informações do diretor técnico da Unimed, Fábio Rocha, a vítima deu entrada na unidade hospitalar após ser submetida a cirurgia no Memorial Santa Tereza. Ao chegar, apresentava insuficiência respiratória e um grave quadro clínico, provavelmente, uma embolia gordurosa, quando a gordura cai no sangue e é levado ao pulmão. Ana Cláudia morreu após passar dois dias internada na UTI. O sepultamento aconteceu em Mossoró, na manhã desta quarta-feira.
O presidente da Sociedade Paraibana de Cirurgia Plástica, Antônio Aracoeli Ramalho, informou que o óbito durante uma cirurgia plástica pode ser ocasionado por vários fatores. Ele ressaltou que será preciso aguardar o resultado de exames de necropsia para verificar qual a real causa da morte. Segundo ele, a embolia pulmonar pode acontecer em qualquer procedimento cirúrgico.
Informações da Gerência de Medicina Legal (antigo DML) dão conta que Ana Cláudia não foi submetida a exames de necropsia em João Pessoa. Também não há registros, no Serviço de Verificação de Óbitos (SVO) da capital, para onde são encaminhadas as vítimas de morte natural.
Outros casos
No dia 11 de janeiro, a psicóloga baiana Conceição de Maria Palha, de 31 anos, morreu ao apresentar complicações após uma cirurgia de lipoaspiração. Ela era natural de Remanso, mas morava em Juazeiro, na Bahia, e teria vindo para a capital paraibana para fazer a cirurgia e se recuperar junto com familiares.
O procedimento foi realizado no Hospital Samaritano. O atestado de óbito apresentou como causa morte uma parada cardíaca causada por uma coagulação generalizada. O CRM abriu uma sindicância para apurar as causas da morte da psicóloga. As investigações ainda não foram concluídas.
No último dia 25, a jornalista Lanusse Martins, de 27 anos, morreu após fazer uma lipoaspiração em Brasília, em uma clínica particular. Ela era repórter na TV Justiça e em 2009 também trabalhou na TV Globo Brasília. Na manhã de segunda, a jornalista deu entrada na clínica Pacini, que fica no Edifício Pacini, na 915 Asa Sul, para fazer uma lipoescultura. Ela morreu no início da tarde.
Segundo laudo do Instituto Médico Legal (IML), a perfuração de uma veia renal da jornalista causou uma forte hemorragia e a levou à morte. O laudo mostra que a lesão foi próxima ao rim direito da jovem, que perdeu cerca de dois litros de sangue durante o procedimento. A delegada Martha Vargas disse que o cirurgião plástico Haeckel Cabral Moraes, será indiciado por homicídio doloso (quando há intenção de matar). Em caso de condenação, a pena pode chegar a 20 anos.