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ARTIGO

Dia de Finados - Vamos celebrar os nossos "mortos"!?

30 outubro 2021 - 11h30Por Rodolpho Barreto

Dia dois de novembro aproximando-se, o famoso "Dia de Finados". Trata-se de feriado religioso em que milhares de brasileiros dedicam-se às orações e homenagens aos que já faleceram. A palavra “finados” significa o que finou, findou, acabou ou morreu. Esse dia especial consagrado aos "mortos" faz parte de uma tradição: visitar as sepulturas, acender velas, enfeitar os túmulos com flores... Um dia para celebrar os mortos!? Vamos refletir?

Chamamos de mortos ou finados os nossos entes queridos e amados que não estão mais fisicamente entre nós, mas que ainda vivem em nossos pensamentos e sentimentos. No fundo, independentemente de religião ou crença, sabemos que os nossos amores não podem estar "morando" no cemitério - e seria muito triste se assim fosse. No entanto, os cemitérios estarão lotados no dia dos finados, com milhares de pessoas "visitando", chorando e lamentando os seus "mortos". Imaginar a pessoa que tanto amamos enterrada debaixo daquela laje cinzenta certamente só trará mais sofrimento. É preciso entender que o cadáver que ali está é apenas isso mesmo, um cadáver.

Por isso, muitas pessoas estão aderindo à cremação, o que vejo com bons olhos. É uma forma de amenizar essa cultura, ainda muito materialista, que confunde o indivíduo com o seu corpo. Católicos, budistas, protestantes, muçulmanos, espíritas etc - todos são espiritualistas, ou seja, todos acreditam de alguma forma na existência e sobrevivência da alma após a morte do corpo, certo? A parte física envelhece, morre e "vira pó". É como uma roupa, uma ferramenta, um uniforme de trabalho, que foi sendo usado e desgastado com o tempo.

"Naturalmente que a ausência física junto aos afetos da retaguarda produz dor e saudades, no entanto, a compreensão de que eles estão vivos e próximos, dependendo somente de cada qual sintonizá-los mentalmente, diminui essas emoções aflitivas e amplia o afeto que prossegue ao lado da certeza do futuro reencontro" {Joanna de Angelis}. Portanto, se o espírito já está liberto do corpo, com toda a certeza ele não está morando em um túmulo de concreto. Ou será que acreditamos mesmo que a vida pulsante, vibrante e colorida daquela alma que tanto amamos terminou na prisão de um caixão, enterrado a sete palmos do chão? 

Quer dizer que aquela pessoa tão cheia de vida agora está gelada e vai morar debaixo da terra? O quanto antes, precisamos aprender a olhar a vida além do horizonte terreno, de forma mais espiritualizada. "Se acreditarmos que viver é só comer, trabalhar, comprar e pagar contas, a morte da pessoa amada será desespero sem remissão. Não nos conformamos, não acreditamos em mais nada. Mas se tivermos alguma visão positiva do todo do qual faz parte a indesejada, insondável mas inevitável transformação da morte, depois de algum tempo, o amado acomoda-se de outro jeito em nós: continua parte de nossa realidade. Está transfigurado, porém ainda existe." {Lya Luft}

Quando alguém morre, ainda temos por hábito dizer que houve a "perda" daquele familiar. Isso demonstra a nossa falta de fé em Deus e a incoerência com o entendimento da realidade espiritual do ser, que muitos afirmam acreditar. Quem realmente compreende a vida, além da morte do corpo físico, sabe que não há perdas, há apenas o retorno à grande pátria celestial - para a qual todos nós retornaremos um dia. Por exemplo, se no Brasil um pai despede-se do seu filho amado porque este está viajando para o Japão, onde vai trabalhar e viver nova vida, sem previsão de retorno, o pai não dirá que "perdeu" o filho para sempre. Lembrará dele com saudades, com amor e com orgulho, aguardando a oportunidade do reencontro. 

"Imaginemos dois amigos que se achem metidos na mesma prisão. Ambos alcançarão um dia a liberdade, mas um a obtém antes do outro. Seria caridoso que o que continuou preso se revoltasse porque o seu amigo foi libertado primeiro? Não haveria, de sua parte, mais egoísmo do que afeição em querer que do seu cativeiro e do seu sofrer partilhasse o outro por igual tempo? O mesmo se dá com dois seres que se amam na Terra. O que parte primeiro é o que primeiro se liberta e só nos cabe felicitá-lo, aguardando com paciência o momento em que a nosso turno também o seremos. Uma outra comparação: imagine um amigo que, junto de vós, se encontra em penosa situação. Sua saúde ou seus interesses exigem que ele vá para outro país, onde estará melhor a todos os respeitos. Deixará temporariamente de se achar ao vosso lado. Desgostar-vos-ia o seu afastamento, embora para o bem dele?" {O Livro dos Espíritos}

Nada mais natural que a saudade. É o amor que fica. A saudade significa que aquela pessoa especial, tão querida ao nosso coração, estará conosco, nas nossas caras lembranças, viva, ainda muito viva, dentro de nós. Os especialistas dizem que viver um período de luto é absolutamente normal e necessário. Mas o que devemos evitar são os excessos destrutivos, a revolta, o desespero e a tristeza intermináveis. "Choras por teus mortos? Então, faze desse pranto um aceno de ternura e um bilhete de paz, onde tu digas aos amores desencarnados: - Até breve; que Deus te abençoe, ser querido!” {José Raul Teixeira}

Precisamos pensar no lado cheio do copo: agradecer os bons momentos compartilhados com a pessoa querida. Afinal, foram dias de convivência e aprendizados que estarão para sempre gravados na nossa alma. Para quem já aceitou a realidade da vida espiritual, mais facilmente pode considerar que a separação é apenas física e temporária. O que está unido pelos laços sagrados de amor verdadeiro, nem mesmo o que chamamos de morte poderá separar. Portanto, neste chamado "Dia dos Finados", que o sentimento dominante seja de amor e gratidão! Não seria melhor, neste dia, como em qualquer outra data comemorativa (aniversário, natal, ano novo) celebrarmos a vida, a gratidão pelos bons momentos compartilhados, a alegria das boas lembranças?  

Desta forma, que tal a ideia de pensar neles com carinho, amor e respeito, fazendo uma bela oração, por meio de uma foto? Reunir a família no próprio lar, orar juntos, comentar as lembranças marcantes? Em vez do ambiente triste e frio do cemitério, que tal visitar um local que eles gostavam de estar em vida, a praça, a praia, a casa de um familiar ou um local de bela paisagem? Podemos também homenageá-los fazendo algo que costumavam fazer. Escutar uma música preferida. Visitar alguém que hoje está em condições semelhantes (idosos, doentes etc). Ajudar o próximo, fazer algo bom e construtivo, em memória deles, existe melhor homenagem que essa? 

Enfim, a melhor resposta que podemos dar à chamada "morte" será sempre com mais VIDA, mais ação, mais doação! Pois a morte não existe - os nossos "mortos", na verdade, estão vivos! É preciso lembrar que estamos conectados por laços eternos do Amor. Se ficarmos chateados, revoltados, amargurados, eles sentirão e sofrerão as nossas dores. Mas se ficarmos bem, eles estarão bem também. Se eles nos amavam, seguem nos amando! Se podem nos enxergar, certamente querem nos ver seguindo em frente, felizes! Afinal, de um jeito ou de outro, a vida continua - e continuará, sempre! E para encerrarmos a nossa reflexão sobre o tema, creio que não há uma mensagem mais bela, simples e direta que aquela atribuída a Santo Agostinho:

“A morte não é nada. Eu somente passei para o outro lado do Caminho. Eu sou eu, vocês são vocês. O que eu era para vocês, eu continuarei sendo. Me dêem o nome que vocês sempre me deram, falem comigo como vocês sempre fizeram. Vocês continuam vivendo no mundo das criaturas, eu estou vivendo no mundo do Criador. Não utilizem um tom solene ou triste, continuem a rir daquilo que nos fazia rir juntos. Rezem, sorriam, pensem em mim. Rezem por mim. Que meu nome seja pronunciado como sempre foi, sem nenhum traço de sombra ou tristeza. A vida significa tudo o que ela sempre significou, o fio não foi cortado. Porque eu estaria fora de seus pensamentos, agora que estou apenas fora de suas vistas? Eu não estou longe, apenas estou do outro lado do Caminho… Você que aí ficou, siga em frente, a vida continua, linda e bela
como sempre foi.”

*Adquira o Livro "Palavras de Luz", sem fins lucrativos, totalmente revertido para trabalhos beneficentes. Entre em contato.

Instagram/Facebook: rodolphobpereira
 

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