Um dia depois de admitir, durante evento no Rio, que tem poucas chances de se eleger presidente da República em 2006, o candidato Cristovam Buarque (PDT) afirmou, na manhã desta terça-feira em São Paulo, que mantém objetivo de alcançar o Planalto com candidatura própria, seja em 2010 ou até mesmo em 2014. A 32 dias das eleições deste ano e mesmo não ultrapassando o patamar de 1% nas pesquisas, o senador não abre mão de divulgar seu programa de governo que, em eventos como o de hoje na sede da Força Sindical, vai além da monotemática defesa da educação feita em poucos minutos de horário eleitoral gratuito. "Sonho com a presidência, sim. E como temos um sólido projeto, nosso tempo vai além deste tempo que é definido pelo TSE. Se não for agora, pode ser em 2010 e até em 2014", afirmou Cristovam Buarque, mesclando uma certa ironia ao desejo político. "O tempo do País, este sim, pode estar se esfacelando, mas acredito que até 2010 ou 2014 ainda poderemos fazer as mudanças necessárias para evitar que a nação se desmanche", completou o candidato do PDT, desta vez com maior seriedade.O candidato falou por 1h30 a cerca de 130 pessoas presentes na sede da Força Sindical, entre militantes, convidados, filiados e a imprensa. Antes disso, havia conversado com empresários na sede da Câmara Americana de Comércio (Amcham), também na Capital. Na pauta do dia, nada de derrotismo ou entrega. O pedetista apresentou propostas para redução de juros com congelamento dos gastos públicos("Defendo a negociação. Vamos fazer o congelamento dos gastos de governo, negociar uma taxa menor, e com a taxa menor de juros baixar ainda mais os gastos públicos"), inovação e desenvolvimento dentro do setor trabalhista com redução da jornada de trabalho ("O principal não é fazer lei, mas sim organizar pacto entre trabalhador e empregadores, onde cada um ceda um pouco pela redução da jornada"), manutenção do Mercosul com reavaliação de acordos e, claro, educação. Com isso, demarcou terreno visando a continuidade do mandato de senador e também futuras campanhas presidenciais. E avisou: quer participar diretamente apenas da própria administração e, portanto, não aceitará ser ministro da Educação, ou de qualquer outra pasta, do futuro governo, seja qual for."Não aceitarei (o ministério), de nenhum presidente. Nos próximos quatro anos, não sendo eleito, eu vou ser senador", prometeu.