A viola-de-cocho recebe este nome porquê é feita num tronco de madeira inteiriça, sendo esculpido de forma artesanal e escavado na parte que corresponde à caixa de ressonância. Tem o formato de uma viola e é tocado com cinco cordas, que originalmente eram feitas das tripas de alguns animais, como o macaco bugio e ouriço-cacheiro, e atualmente são feitas de fios de nylon. Chimbuva, sarã-de-leite, cedro, ou até mesmo mangueira, são algumas das madeiras utilizadas na sua confecção. Esse instrumento faz parte do contexto sociocultural da região pantaneira, símbolo de identidade e objeto de auto-sustentação na construção da cidadania desta comunidade de povos tradicionais. O instrumento integra o complexo musical, coreográfico e poético do cururu e do siriri, juntamente com o ganzá (reco-reco de taquara) e o mocho (banco cujo assento de couro é percutido com baquetas de madeira) cultivado por segmentos das camadas populares como diversão ou devoção aos santos católicos.Origem - Diz a lenda que, um dia, na beira do rio Cuiabá, um artesão local conheceu um viajante que tocava algo parecido com um alaúde. Quando o forasteiro se foi, ficou a saudade da música. Na madeira leve que usava para fazer cochos, o ribeirinho moldou o formato do instrumento e cavou o oco. Fez a tampa com uma lâmina de figueira e as cordas com fibra de palmeira tucum. Quando lhe perguntavam o que era aquilo, respondia: "viola feita dum cocho".Patrimônio Cultural - Hoje, este instrumento musical pertence ao Patrimônio Cultural do Estado do Mato Grosso, por meio da Lei Nº. 6.772, de 10/06/1996, aprovada pela Assembléia Legislativa do Estado. Em decisão proferida na 45ª Reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do Iphan, realizada em 1º de dezembro de 2004, o Modo de Fazer Viola de Cocho foi inscrito no Livro de Registro dos Saberes, com a devida menção ao complexo musical, coreográfico e poético do siriri e do cururu, em 10 de dezembro de 2004.O Selo - Na imagem do selo, ao centro, em primeiro plano, encontra-se a viola-de-cocho, de forma a destacar a escultura artesanal feita do tronco de madeira e as cinco cordas, características do instrumento. À esquerda e à direita são representadas, ao som da viola, o siriri e o cururu, manifestações típicas da região. A primeira, dançada especialmente por mulheres e crianças, em roda ou fila, batendo palmas ou levantando as mãos. Já o cururu é executado especialmente por homens, que dançam e cantam em roda. No canto inferior direito a logomarca do Mercosul, por tratar-se de uma emissão de tema comum aos países membros do Mercado Comum do Sul. A arte é de Miriam Guimarães. A viola-de-cocho é um elemento que compõe e enriquece as culturas musicais brasileiras, que deve ser historicamente assinalado, motivo pelo qual os Correios registram o instrumento em selo postal, com o objetivo de divulgá-lo em âmbito nacional e internacional. O lançamento do selo "Viola de Cocho" acontece nesta terça, no Salão Nobre do Palácio da Instrução, em Cuiabá (MT).