Após os três dias de visita do enviado norte-americano Stephen Bosworth a Pyongyang, o Ministério de Relações Exteriores da Coreia do Norte demonstrou disposição em retomar o diálogo multilateral sobre seu programa nuclear. O aparente avanço nas últimas semanas de 2009 — ano em que o país asiático assustou o mundo ao realizar seu segundo teste nuclear — pode ser considerado uma vitória importante para Barack Obama e a sua contestada diplomacia do smart power (poder inteligente). A Coreia do Norte abandonou há mais de um ano as negociações com EUA, Coreia do Sul, Japão, Rússia e China, e parte dos especialistas continua reticente sobre as reais intenções de Pyongyang em cooperar.
A chancelaria norte-coreana afirmou entender “a necessidade de reiniciar as conversações” sobre a crise nuclear com o chamado “grupo dos seis”. Segundo um comunicado divulgado na agência oficial de notícias KCNA, as conversas entre Bosworth e integrantes do governo de Pyongyang “aprofundaram a compreensão mútua (entre os dois governos), estreitaram as diferenças e encontraram não poucos pontos comuns”. “Os dois lados também concordaram sobre a necessidade de retomar as negociações e a importância de implementar o pacto de desarmamento de 2005”, diz a nota. Esse pacto prevê o encerramento do programa nuclear norte-coreano em troca de auxílio econômico — inclusive fornecimento de combustível para centrais elétricas —, garantias de segurança e reconhecimento diplomático.
Em Washington, a secretária de Estado, Hillary Clinton, preferiu não demonstrar tanto entusiasmo. Ela limitou-se a dizer que as conversas de Bosworth em Pyongyang foram “muito positivas”. O enviado norte-americano também teve cautela ao falar sobre resultados de sua viagem a Pyongyang. “É importante destacar que essas foram apenas conversas, não negociações”, afirmou em Seul, a capital sul-coreana, para onde se dirigiu depois de visitar o país comunista. “É preciso esperar para ver quando e como (a Coreia do Norte) vai retornar à mesa de negociações. Isso é algo que dependerá de mais consultas entre todos os seis países”, declarou.
Na capital norte-coreana, Bosworth se reuniu com o vice-premiê Kang Sok-ju, considerado mentor do programa nuclear e assessor próximo do líder Kim Jong-il, e com Kim Kye-gwan, representante do país nas negociações multilaterais. Depois de passar por Seul, o emissário do governo americano partiu com destino a Pequim, de onde seguirá para Tóquio e Moscou — concluindo uma turnê completa pelos países que participam das negociações com Pyongyang.
Ceticismo
A Rússia foi o único dos seis a saudar os sinais emitidos pelo regime comunista. “Se as informações de que a Coreia do Norte está pronta para retomar as negociações multilaterais são verdadeiras, seria um passo dado por Pyongyang na direção certa”, afirmou o Ministério das Relações Exteriores russo, de acordo com a agência de notícias Interfax. Especialistas, no entanto, veem com ceticismo a manifestação de boa vontade norte-coreana.
Para Mark Katz, professor da George Mason University, Pyongyang parece ter aprendido que consegue atrair a atenção do mundo quando faz os outros temerem seu regime. “Então, não se pode esperar que a Coreia do Norte tenha tanta disposição para perder esse ‘status’. A normalização das relações com outros países também conduziria a um contato maior entre norte-coreanos e estrangeiros, o que poderia minar o regime.”
O especialista Lee Sang-Hyun, do Instituto Sejong, em Seul, acredita que a possibilidade do retorno de Pyongyang às conversas criará um “cabo de guerra”. “A Coreia do Norte só retornará às negociações se os EUA oferecerem recompensas substanciais”, disse à agência Associated Press. O jornal Choson Sinbo, considerado um porta-voz do governo da Coreia do Norte, informou ontem que o país não cederia sem a garantia de que cessem as “relações hostis” entre Pyongyang e Washington.
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