Conforme o esperado, o presidente do Conselho de Ética do Senado, Paulo Duque (PMDB-RJ), decidiu nesta sexta-feira, pelo arquivamento das sete ações que restavam no órgão contra o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP).
Na última quarta-feira, ele já tinha arquivado outros quatro pedidos de investigação contra o presidente do Senado e um contra o lÃder do PMDB, Renan Calheiros (AL).
Entre as ações arquivadas estão duas que tratam do suposto envolvimento de Sarney com atos secretos. Uma delas, apresentada pelo PSDB, reclamava da participação de Sarney na edição de atos secretos, utilizados, entre outras coisas, para a criação de cargos e aumento de salários.
De acordo com a análise de Paulo Duque, a representação não foi acatada porque nenhum documento foi apresentado. "Todas as informações contidas na representação são notÃcias de jornal", diz o despacho. "A representação, em nenhum momento traça relação lógica entre os fatos que narra e a eventual responsabilidade do representado por eles".
A outra ação relacionada a atos secretos refere-se especificamente à nomeação de Henrique Dias Bernardes, namorado da neta de Sarney, para um cargo no Senado. Mais uma vez, o presidente do Conselho de Ética diz que a denúncia - movida pelo lÃder tucano Arthur Virgilio (AM) - "não pode ser uma mera coletânea de recortes ou de citações de jornais".
Os tucanos fizeram mais outras duas representações contra o presidente do Senado: uma sobre suspeitas de favorecimento a seu neto em operações de crédito consignado junto a funcionários da Casa e outra sobre benefÃcios supostamente irregulares à Fundação José Sarney, que teria desviado dinheiro de patrocÃnio da Petrobras.
No primeiro caso, Duque recorre novamente à falta de provas. "O texto se limita a citar, mesmo assim sem acrescentar qualquer tipo de documento que os comprove, uma série de pretensos fatos sem informar quais atos relacionados com eles teriam sido praticados pelo representado e quais deles teriam agredido as normas que informam o decoro e a ética parlamentares". A falta de documentos também foi o argumento utilizado para o arquivamento da representação relacionada à Fundação Sarney.
Outra representação que envolve a fundação que leva o nome do presidente do Senado foi apresentada pelo PSOL. Assim como as demais, foi arquivada sob o argumento da falta de provas.
Duas denúncias haviam sido protocoladas em conjunto pelos senadores Arthur VirgÃlio (PSDB-AM) e Cristovam Buarque (PDT-DF). Uma delas relata suposto envolvimento de Sarney em venda de terras sem pagamento de impostos. Além de reclamar da falta de documentos Duque avalia ainda que o suposta fraude fiscal não é ilÃcita. "Os fatos narrados, se verdadeiros, revelam, no máximo, um procedimento fiscal que pode ser considerado, por alguns, pouco recomendável, mas que não é evidentemente ilÃcito".
A outra denúncia apresentada pelos dois senadores refere-se ao recebimento de informações privilegiadas da PF (PolÃcia Federal) em investigação envolvendo seu filho, Fernando Sarney. Ela foi considerada "nula" pelo presidente do Conselho de Ética, por se basear "em gravações de conversas telefônicas que constam de processo que tramita em segredo de justiça e cuja divulgação e absolutamente ilÃcita".
A orientação pelo arquivamento deve ser publicada no Diário do Senado Federal neste sábado. O prazo para apresentação de recurso contra a decisão é de dois dias a partir da publicação. No caso das acusações arquivadas na reunião de quarta-feira passada, a oposição terá de protocolar os recursos até segunda.
O senador José Nery (PSOL-PA) classificou o arquivamento de "duro golpe", mas já prepara recurso ao conselho. "Essa decisão representa um duro golpe na luta por ética na polÃtica e no Senado. Mas, se os focos da crise acham que dessa forma vão debelar a crise se enganam. Basta ver o clima no Senado."
"Vamos trabalhar intensamente para conseguir assinaturas no pleno do conselho. Se derrotado, vamos trabalhar para levar o recurso ao plenário do Senado. Vamos recorrer a tudo para conseguir a abertura do processo de investigação, porque isso não condena ninguém antecipadamente", disse.
Acusações arquivadas pelo Conselho no dia 7 de agosto
1. Denúncia de Arthur Virgilio feita em 23 de julho. Acusa Sarney de usar ato secreto para a nomeação do namorado de sua neta
2. Representação do PSDB feita em 28 de julho. Acusa Sarney de obter favorecimentos através de atos secretos
3. Representação do PSDB feita em 28 de julho. Acusa Sarney de favorecer o neto em operações de empréstimo a funcionários do Senado
4. Representação do PSDB feita em 28 de julho. Acusa Sarney de desvio de recursos públicos na Fundação Sarney e de mentir ao negar ter ligações com a administração da Fundação José Sarney
5. Representação do PSOL feita em 29 de julho. Acusa Sarney de omitir casa de R$ 4 milhões da Justiça e de ter conta ilegal no exterior, gerenciada por Edemar Cid Ferreira
6. Denúncia de Arthur Virgilio e Cristovam Buarque (PDT-DF) feita em 29 de julho. Acusa Sarney de vender terras nunca registradas em seu nome, evitando o pagamento de impostos
7. Denúncia de Arthur Virgilio e Cristovam feita em 29 de julho. Acusa Sarney de ter se beneficiado na operação Boi Barrica. A operação da PF investiga seu filho, Fernando Sarney
Acusações arquivadas pelo Conselho no dia 5 de agosto
1. Denúncia de Arthur Virgilio (PSDB-AM) feita em 29 de junho. Contém 19 acusações. Entre elas, está a que acusa Sarney de favorecer a empresa de seu neto em operações de empréstimo a funcionários do Senado, e a que o acusa de ser condescendente com a publicação de atos secretos
2. Representação do PSOL feita em 30 de junho. Acusa Sarney de usar os atos secretos para conceder benefÃcios e aumentar salários
3. Denúncia de Arthur Virgilio feita em 10 de julho. Acusa Sarney de usar o advogado do Senado no Supremo Tribunal Federal em ação envolvendo causas próprias
4. Denúncia de Arthur Virgilio feita em 14 de julho. Acusa Sarney de ter mentido, ao negar ter ligações com a administração da Fundação José Sarney
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