segunda, 18 de março de 2024
Dourados
29ºC
Acompanhe-nos
(67) 99257-3397
ARTIGO

Lamentam as mortes e agora vão pular carnaval?

27 novembro 2021 - 11h30Por Rodolpho Barreto

Apesar da grande adesão da população à vacinação, a maioria dos especialistas em COVID-19 estão convictos de que a liberação de grandes aglomerações, especialmente o carnaval brasileiro, é totalmente desaconselhável. O risco de um novo surto e de um retorno à contaminação descontrolada é altíssimo. Essa é a posição, por exemplo, do epidemiologista Paulo Menezes, coordenador do Comitê Científico, que auxilia o governo de São Paulo nas decisões sobre a pandemia. Para o médico, o avanço da imunização no Brasil não garante a segurança em eventos que reúnem multidões.

"Ainda é precoce pensar em uma situação de multidões na rua, com aglomeração, mesmo que seja daqui a três meses. Não é o momento de pensar nas grandes aglomerações do Carnaval, que movimenta milhões e milhões de brasileiros - além de pessoas de fora do país", declarou Menezes. "O avanço da cobertura vacinal no estado de SP é exemplo para o mundo, juntamente com outras medidas que têm garantido o nosso sucesso até o momento. [Mas] não podemos nos enganar e dizer que estamos livres da pandemia, livres do coronavírus. Ele está circulando, e por isso devemos ter cautela." (Fonte: noticias.uol.com.br)

Até agora, pelo menos 70 cidades do estado de SP já cancelaram as festas oficiais de rua por causa da pandemia. São alguns gestores municipais que ainda estão com o mínimo de juízo em dia. Deveriam ser copiados pelos demais. No entanto, o governo estadual diz que manterá a liberação e a capital projeta "o maior carnaval da história". Decisão totalmente contraditória com a postura de "ciência" e de preservação da saúde pública que tanto alegaram defender, não há muito tempo atrás, como justificativa a todo tipo de restrições, proibições e trancamento geral (o famigerado lockdown), medidas arbitrárias que arruinaram a economia do país e a vida de milhares de famílias brasileiras. 

O epidemiologista pontua que há uma diferença entre eventos fechados de carnaval, com controle de pessoas, e a festa de rua. "Não vejo nenhuma diferença entre um evento no Sambódromo e outros eventos. O que a gente tem que discutir são as aglomerações não controladas: o Carnaval reúne milhões e milhões de pessoas no país inteiro, circulando de lá pra cá e de cá pra lá." E permitir essa situação, além de extremamente irresponsável e inconsequente, é incoerente com as demais medidas que foram e ainda estão sendo adotadas até então. 

Prevenir não é melhor que remediar?

Lembram das últimas eleições? Flexibilizaram as restrições para fazer campanhas, como se o vírus tivesse dado uma folga, e qual o resultado? Surtos e mais surtos depois, com fechamentos e mais fechamentos de tudo e de todos. Vão fazer a mesma coisa de novo? A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou alerta nesta terça-feira de que a “quarta onda” da COVID-19 que afeta a Europa deve ser uma tendência global. “O mundo, na verdade, está entrando em uma quarta onda, mas as regiões tiveram comportamento diferente em relação à pandemia“, disse a diretora-geral adjunta de acesso a medicamentos da entidade, Mariângela Simão.

“Me preocupa bastante quando vejo no Brasil a discussão sobre o carnaval. É uma condição extremamente propícia para o aumento da transmissão comunitária”, declarou Mariângela. Ela teme uma disseminação descontrolada do vírus. Mesmo com a vacinação e melhora no quadro geral da pandemia no Brasil, a transmissão segue forte. As pessoas estão confundindo a vacina com proteção e liberação total, mas o risco continua. Existe a possibilidade de novas variantes mais agressivas surgirem, mesmo com a maioria dos brasileiros vacinados. (Fonte: redebrasilatual.com.br)

Na Europa, países com taxas de vacinação superiores às do Brasil, como a Alemanha, o cenário atual é o pior desde o início da pandemia. Não existe vacina 100% eficaz. Como o vírus tem potencial de ser transmitido entre vacinados, menos mortes ainda serão muitas em um cenário de descontrole generalizado. “A ressurgência de casos na Europa após a flexibilização das medidas sociais e de saúde pública é uma realidade inescapável. Só a vacinação não basta". Ou seja, é preciso continuarmos adotando as boas práticas de prevenção, principalmente a de evitar aglomerações. Sugestão: lembram daquele refrão "fica em casa e a economia a gente vê depois", que tal agora o "fica em casa e a folia a gente vê depois"?

O médico sanitarista Gonçalo Vecina, ex-diretor da ANVISA, conversou na última sexta-feira com o jornalista Glauco Faria, da Rádio Brasil Atual e TVT, sobre os rumos da pandemia no Brasil e no mundo. Segundo o especialista, a pandemia só acabará quando o vírus deixar de circular em outros países. Ele destaca que a ideia de o Brasil autorizar o Carnaval em 2022 é a mais doida que poderia existir. 

Portanto, diante dos novos surtos em outros países e de todas as alegações científicas que sugerem mantermos cautela, ou seja, não autorizar algo tão temerário como a gigante aglomeração de um carnaval, o que estão pretendo as autoridades estaduais e municipais com essa liberação? "Pão e Circo" ao povo, à custa de mais mortes? Não são muitos destes senhores que acusam o Presidente de "genocida'' e que se dizem "em nome da ciência"?

A decisão está nas mãos de quem?

O Presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira que, por ele, não haveria Carnaval no Brasil em 2022. A declaração foi dada após o chefe do Executivo ser questionado pela Rádio Sociedade Bahia sobre a quarta onda que atinge a Europa e a ameaça de um possível novo surto no país. “Por mim não teria carnaval. Só que tem um detalhe: quem decide não sou eu. Segundo o Supremo Tribunal Federal, quem decide são os governadores e prefeitos. Em fevereiro do ano passado, ainda estava engatinhando a questão da pandemia, pouco se sabia, praticamente não havia óbitos no Brasil, eu declarei emergência, mas os governadores e prefeitos ignoraram, fizeram o carnaval. As consequências vieram. E alguns tentaram imputar a mim essa responsabilidade. Todo o trabalho de combate à pandemia coube aos prefeitos e aos governadores. O que coube a mim? Mandar recursos”, justificou o chefe do Executivo. 

Nada mais sensato. A posição do Presidente é contra a realização da festa em 2022, em virtude de um possível aumento na disseminação do vírus, evitando também a justificativa de implantação de novas medidas restritivas pelos estados e municípios. “Estou vendo que alguns países da Europa estão retomando medidas de lockdown. Se tiver isso de novo no Brasil, vai quebrar de vez a economia em nosso país”, declarou Bolsonaro. (Fonte: jovempan.com)

O comentarista político, Jorge Serrão, assim escreveu em seu artigo: "Lá fora, teme-se a quarta onda da pandemia. Aqui, vamos para a fase do “liberou geral”? Paradoxo ou hipocrisia? Governadores e prefeitos que defenderam medidas burras (como lockdown, restrições ao direito de ir e vir, “fique em casa, a economia a gente vê depois”) agora organizam o Carnaval 2022. Trata-se da maior festa popular do país, caracterizada pelas aglomerações, extrema proximidade entre as pessoas, com abraços, beijos e relações sexuais. Ah, tem a máscara… Mas a que vale é a carnavalesca, e não aquela que supostamente protege alguém de contágio. A parada é temerária! Tanto que a turma da galhofa nas redes sociais já sugeriu ao presidente Bolsonaro: ou ele libera o Carnaval para que o STF proíba, ou ele proíbe o Carnaval para que o STF libere…"

O carnaval é bom para QUEM?

Alguns podem alegar os interesses econômicos e sociais atrelados ao Carnaval. Mas não seria desproporcional a medida de beneficiar esse setor agora para depois prejudicar todos os demais setores (e vidas) ao longo do ano? Uma outra reflexão, que daria outro artigo, mas que é importante destacar: o Carnaval de multidões realmente faz tanto bem assim à economia e à sociedade brasileira? Entram nessa conta todos os custos e danos que ele provoca? Todos os tristes números que já conhecemos, mesmo antes da COVID-19: drogas, doenças, crimes, mortes, acidentes de trânsito, dentre outros problemas que atingem níveis alarmantes no carnaval.

Os fatos estão aí, gritando, mais uma vez! Especialistas não se cansam de informar que, mesmo com a ampla vacinação, é necessário mantermos os cuidados e protocolos básicos, aqueles aos quais já nos adaptamos: máscara, álcool em gel, evitar aglomerações etc. Mesmo assim, estados e municípios, que até ontem estavam tocando o terror fechando lojas e escolas, impedindo as pessoas de trabalhar, multando, prendendo etc, tudo feito alegadamente "em nome da ciência", agora estarão liberando geral baladas, festas de fim de ano e carnaval? A mesma ciência, que justificou uma série de arbitrariedades lá atrás, agora vai ser desprezada? E depois se tivermos um novo surto, uma nova onda (como já está, de fato, acontecendo em outros países), vão querer fechar tudo aqui de novo? E jogar novamente a culpa no governo federal? Disputas políticas às custas de mais vidas? Senhores governadores e prefeitos, como assim?

A pandemia começou aqui por meio de um Carnaval. Lembra Jorge Serrão, para finalizarmos: "No Carnaval de 2020, a onda de Covid começou trazida por estrangeiros e brasileiros que vieram da Europa, principalmente da Itália. Muitos italianos — como é hábito anual — pularam o Carnaval em São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e outras capitais e cidades litorâneas do Nordeste. Quem fez a festa, de verdade, foi o Covidão. Vamos repetir a dose macabra?"

Facebook/Instagram: @rodolphobpereira

Deixe seu Comentário

Leia Também

CAMPO GRANDE 

Menina de 10 anos é estuprada por amigo da família enquanto dormia

Detran/MS convoca candidatos PCDs para o programa CNH MS Social
REGIÃO 

Detran/MS convoca candidatos PCDs para o programa CNH MS Social

CAMPO GRANDE 

Mulher é encontrada morta no quintal de residência toda revirada

II Mostra de Programas e Projetos de Extensão da UEMS recebe inscrições
EDUCAÇÃO

II Mostra de Programas e Projetos de Extensão da UEMS recebe inscrições

NOVA ANDRADINA

Mulher cede dados bancários a golpista e perde quase R$ 30 mil

CORUMBÁ

Prefeitura abre dois concursos com 634 oportunidades de emprego

AQUIDAUANA

Após mais de 10 anos, Polícia Civil retoma buscas por menina desaparecida

FUTEBOL

Libertadores 2024: veja como ficaram os grupos após sorteio

ECONOMIA

Programa de interiorização reunirá segurados da Ageprev em Dourados

CAMPO GRANDE 

Investigado por incitar crime em frente ao CMO, vereador faz acordo

Mais Lidas

SOLIDARIEDADE

Em luta contra tumor cerebral, sul-mato-grossense faz "vakinha" para cirurgia urgente

CACHOEIRINHA

Mulher atropelada em Dourados tem uma das pernas amputadas e continua em estado grave

CENTRO

Ex-funcionário é preso após furtar dinheiro em guichê da rodoviária em Dourados

MS

Barco com quatro pessoas afunda durante festival internacional de pesca em Corumbá