Análise de dados bancários dos investigados na primeira fase da Operação Porteira Aberta, desencadeada em junho do ano passado, apontam para o pagamento de propina realizada por um frigorífico a agentes públicos federais superior a R$ 6 milhões, conforme aponta a Polícia Federal.
Nesta manhã (10/12), trabalho conjunto entre PF e MPF (Ministério Público Federal), cumprem 15 mandados de busca e apreensão em seis Estados, incluindo o Mato Grosso do Sul.
Por aqui, as ações miram as unidades da empresa em Ponta Porã, Campo Grande e Cassilândia.
Com base em depoimento de delatores, os policiais descobriram que as propinas desembolsadas a esses agentes envolvidos variavam entre R$ 5 e R$ 25 mil mensais, que perduraram até o início de 2017, cessando com a deflagração da Operação Carne Fraca.
Só na unidade de Barra do Garças (MT), uma das cidades alvo das determinações judiciais, R$ 1.860.700,00 é de corrupção.
As investigações mostram que entre os anos de 2010 a 2014 os lançamentos contábeis destinados a encobrir as propinas se valeram de documentos falsos, já que o CPF destinatário das despesas, que seria de uma suposta prestação de serviços de marketing, pertencia a pessoa falecida em 2009, momento anterior aos lançamentos.
A operação
A ação desencadeada hoje visa combater um esquema de pagamento de propinas a servidores públicos de fiscalização sanitária federal para emitirem certificados sanitários sem o abate de animais na empresa ser fiscalizado.
Participam da ação mais de 60 policiais federais, que cumprem 15 mandados de busca e apreensão em seis estados: Mato Grosso, Goiás, Pernambuco, Paraná, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina.
Estão sendo cumpridos ainda 15 Termos de Compromisso aplicando medidas cautelares diversas da prisão, dentre elas, o afastamento de Fiscais Federais Agropecuários.
O pagamento de propina vinha ocorrendo nas unidades da empresa situadas nos municípios de Anápolis (GO), Barra do Garças (MT), Confresa (MT), Cuiabá (MT), Diamantino (MT), Pedra Preta (MT), Vila Rica (MT), São José dos Quatro Marcos (MT), Água Boa (MT), Matupá (MT), além das sul-mato-grossenses Campo Grande, Cassilândia e Ponta Porã.
Os valores destinados ao pagamento de propinas eram registrados na contabilidade das unidades da empresa como despesas de consultoria e marketing ou serviço de inspeção federal.
A operação foi denominada Porteira Aberta tendo em vista a ausência de controle dos animais, a falta de inspeção dos fiscais sanitários permitia que o gado fosse abatido indiscriminadamente, sem qualquer empecilho.
JBS
Em nota, à imprensa, a JBS, citada como alvo da operação no Mato Grosso, disse que nenhuma unidade da empresa esteve na 'mira' de policiais federais nesta terça.
"A JBS esclarece que nenhuma unidade da empresa foi alvo da segunda fase da operação Porteira Aberta. A empresa reforça que a operação em curso não tem qualquer relação com a qualidade dos produtos da empresa, cujos processos produtivos seguem padrões e normas internacionais".