Nova Délhi, Índia, 3/12/2012 – Embora na última a Índia tenha reduzido drasticamente o avanço do HIV, novas cepas do vírus causador da aids preocupam seus cientistas. O Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/aids (Onusida) elogia em seu informe 2012 a Índia por seu desempenho “particularmente bom” nos esforços para reduzir pela metade a quantidade de novas infecções em adultos entre 2000 e 2009.
Mas neste país – com 2,4 milhões de pessoas com HIV, um milhão delas recebendo tratamento antirretroviral – terá que prestar atenção ao fato provado de que o tipo 1 do vírus da deficiência imunológica humana (HIV-1), o mais comum e patogênico, passou por um processo de evolução bastante rápido.
Das várias famílias genéticas, o subtipo C do HIV-1 responde por quase 99% das infecções na Índia, e também tem presença significativa na China, África do Sul e no Brasil.
Agora, cientistas que trabalham no Centro Jawaharlal Nehru para as Pesquisas Científicas Avançadas (JNCASR), em Bangalore, encontraram uma família de cinco novas cepas do subtipo C do HIV-1, duas delas parecem estar superando a cepa padrão.
“O estudo é o primeiro de seu tipo a identificar que uma família importante de HIV-1 está passando por uma modificação evolutiva”, disse à IPS o professor Ranga Udaya Kumar, da unidade de biologia molecular e genética do JNCASR. Kumar disse que embora os estudos feitos no Centro não mostrem que as novas cepas sejam “mais patogênicas”, há motivos para crer que são “mais infecciosas”.
Os resultados do estudo do JNCASR foram publicados pela primeira vez pela Sociedade de Bioquímica e Biologia Molecular dos Estados Unidos, na edição do dia 6 destemes do Journal of biological Chemistry.
“As novas cepas virais parecem conter um promotor viral mais forte”, disse Mahesh Bachu, que liderou a equipe de cientistas do Centro. um promotor é uma região do acido desoxirribonucleico (DNA) que codifica qualquer proteína que a célula esteja tentando produzir. Em outras palavras, se prevê que um vírus com um promotor mais forte produza mais “vírus filhos” e se propague mais rapidamente em uma população de acolhida. “Nos testes de laboratório se descobriu que as novas cepas de HIV fazem mais vírus filhos do que as cepas virais padrões”, disse Bachu.
Os retrovírus que causam a aids se reproduzem traduzindo seu ácido ribonucleico (ARN) em DNA, usando uma enzima chamada transcriptasa reversa. O DNA resultante se inseri no de uma célula anfitriã e se reproduz junto com a célula e suas filhas.
“Além de fazer mais vírus filhos, as pessoas infectadas com as novas cepas do HIV parecem conter mais vírus em seu sangue”, disse Bachuy à IPS, acrescentando que os dados em que o estudo se baseou foram gerados a partir de 165 amostras extraídas de hospitais em diversas partes do país.
Entre as instituições que colaboraram com o estudo figuram o Centro YRG para a Pesquisa e Educação sobre Aids (YRG CARE), em Chennai; Academia Nacional St John de Ciências de Saúde, em Bangalore; Instituto Nacional de Saúde Mental e Ciências Neurológicas, em Bangalore, e o Instituto Indiano de Ciências Médicas, em Nova Délhi.
As conclusões clínicas foram substanciadas por experimentos de laboratório, usando estratégias virais, imunológicas e moleculares, disse Bachu. “Um processo similar de evolução viral também foi observado na África do Sul, China e no sul do Brasil, países que têm a mesma família de HIV-1”, explicou.
De modo significativo, quando Bachu e sua equipe observaram pela primeira vez as novas cepas, em estudos anteriores entre 2000 e 2003, sua prevalência foi bastante baixa, de aproximadamente um a dois por cento de cada uma das cinco variantes. Uma década depois, a prevalência de três dos cinco novos grupos de HIV-1 se multiplicou, e um dos grupos aumentou de dois por cento no período 2000-2003 para entre 20% e 30% em 2010-2011.
De acordo com Bachu, é importante que os sujeitos infectados com a cepa 4-kappaB, mais nova, mostrem mais vírus em seu plasma do que os infectados com a pré-existente cepa 3-kappaB. “É possível que uma carga viral maior permita uma vantagem potencializada de transmissão a cepas 4-kappaB do HIV, contribuindo com uma exitosa propagação dos novos vírus”, disse Bachu.
Para Kumar, “as conclusões apresentam várias perguntas com sérias implicações para o estado dos vírus, sua evolução e o manejo da doença. A mais importante dessas preocupações é a possibilidade de as novas cepas alterarem a paisagem da demografia do HIV na Índia”, acrescentou.
Mas, tanto Kumar quanto Bachu alertam que os dados do JNCASR deveriam somente chamar à reflexão e não serem considerados conclusivos. O JNCASR e seus colaboradores agora fazem estudos clínicos de observação para determinar se as novas cepas do HIV são mais infecciosas do que a existente.
Isto significa que o que os cientistas querem ver é “se as novas cepas têm probabilidades de causar uma rápida progressão para a aids”, explicou à IPS o chefe-médico doYRG CARE, Nagalingeswaran Kumarasamy. Segundo ele, tal com as coisas estão, não há motivo para alarme. “Precisamos estudar mais as novas cepas e ver, por exemplo, se há necessidade de iniciar terapia antirretroviral antes do usual”, disse. Envolverde/IPS
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