A maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quarta-feira que não cabe ao governo da Itália questionar um despacho do presidente da República relativo à condução das relações internacionais. Caso nenhum pedido de vista seja feito e o julgamento se encerre nesta tarde, a decisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que manteve o italiano Cesare Battisti no Brasil, deve ser validada, o que abre caminho para a permanência de ex-ativista no País.
A impossibilidade da Itália questionar a decisão de um presidente da República no judiciário local foi suscitada pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e pelo advogado de defesa de Battisti, Luís Roberto Barroso.
Por isso, antes mesmo do relator do caso, Gilmar Mendes, proferir seu voto, o ministro Marco Aurélio Mello disse que havia uma preliminar a ser votada: "A Itália pode ou não questionar o ato de Lula no Supremo?"
Os ministros Marco Aurélio, Ricardo Lewandowski, Luiz Fux, Cármen Lúcia, Joaquim Barbosa e Carlos Ayres Britto entenderam que não, o que configurou a opinião da maioria da Corte, já que Antonio Dias Toffoli e Celso de Mello se disseram impedidos. Foram vencidos os ministros Gilmar Mendes, Ellen Gracie e o presidente da Corte, Cezar Peulso.
A argumentação da maioria foi de que, aceitar a reclamação da Itália contra o fato de Lula não ter extraditado Battisti feriria a soberania brasileira e o princípio da não interferência em assuntos internos da República. Além do fato de que cabe ao presidente da República conduzir a política internacional de seu país, não sendo a mesma passível de questionamentos jurídicos, por parte de outros países, na Suprema Corte nacional.
Durante a discussão, Joaquim Barbosa citou o caso do ex-presidente de Honduras, Manuel Zelaya, que quando foi deposto conseguiu de Lula abrigo na Embaixada Brasileira daquele país. “Seria absurdo se questionar o abrigo aqui no STF, para desconstituir uma decisão soberana do País”, argumentou.
Após a apreciação da “preliminar”, o ministro Lewandowski quis encerrar as discussões, alegando que, uma vez não aceita, não existe mais, na prática, a reclamação da Itália. A posição foi compartilhada por Marco Aurélio Mello.
O relator, Gilmar Mendes, contudo, disse que Mello “não é censor de colega”, e começou a discursar sobre o tema. Falou que, dando este tipo de poder ao presidente da República, o STF se transformaria num clube “lítero-poético-recreativo” e que, “se for assim, é melhor suprimir a competência do STF para extradição” pois, “daqui a pouco, vamos ter decisão que o próprio presidente pode conceder habeas corpus” para liberar extraditandos.
Fonte: iG
Deixe seu Comentário
Leia Também

Enem 2025: Inep publica resultados de recursos de atendimento especial
Homem é morto a tiros em fazenda no distrito de Itahum

Motorista é preso transportando 2t de maconha e skunk em meio a carga de milho

Estudantes de vários municípios participam de paralimpíadas neste fim de semana

Dia do Comerciante terá palestra com Edmour Saiani na Aced

Operação desmonta 'casa bomba' usada para tráfico de drogas

Geraldo chama taxação de Trump ao Brasil de arbitrária e com viés político-ideológico

Homem é preso após agredir e ameaçar matar esposa em Dourados

Morador de Dourados morre em acidente com caminhão no Paraná
Redação final da LDO está pautada para votação nesta quinta-feira
Mais Lidas

Produtor rural de Dourados perde R$ 100 mil em golpe da falsa venda de milho

Bebê de um ano morre em MS e suspeita é que tenha sido estuprada pelo pai

Novo leilão do Detran tem Corsa com lance inicial de R$ 3.545
