O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou nesta terça-feira o perdão de 95% da dívida de Moçambique com o governo brasileiro. Ao todo, são US$ 315 milhões perdoados de uma dívida de US$ 331 milhões. Os outros US$ 16 milhões foram reescalonados. “O reescalonamento está dentro do arcabouço de ajuda dos países filiados a organizações multilaterais a países pobres e endividados”, explicou o ministro da Fazenda, Antonio Palocci.Recentemente, o governo brasileiro perdoou dívidas de US$ 36 milhões do Gabão, US$ 52 milhões da Bolívia e US$ 3 milhões de Cabo Verde. Ao todo, são cerca US$ 400 milhões perdoados, o que dá aproximadamente R$ 1,2 bilhão. O valor é superior, por exemplo, ao que o governo estima gastar na transposição do Rio São Francisco em 2005: R$ 1 bi. Ou quatros vezes mais do que será gasto com o Ministério da Cultura no ano que vem. A negociação para o perdão da dívida vem sendo feita desde o governo anterior, em 2001. A assinatura do documento foi realizada no Palácio do Planalto e contou com a presença de Lula e do presidente de Moçambique, Joaquim Chissano. “Eu penso que isso pode servir de exemplo para que outros países da mesma magnitude do Brasil tenham os mesmos gestos para com outros países pobres do mundo, que, muitas vezes, têm uma dívida que todo mundo sabe que é praticamente impagável, mas essa dívida sempre funciona como uma espécie de espada na cabeça do devedor”, disse Lula. O presidente ainda aproveitou para dar uma força à Companhia Vale do Rio Doce em Moçambique em uma concorrência para explorar carvão no país. “Eu estou muito otimista, torcendo e fazendo o que é possível para que a nossa Vale do Rio Doce possa conseguir ter o seu projeto aprovado e ser a ganhadora da concorrência pública que vai ter em Moçambique”, afirmou Lula.