O líder do PPS na Câmara, deputado Roberto Freire (PE), classificou de “constrangedora” a situação dos pesquisadores da Embrapa, que estão sendo obrigados a testar bananas transgênicas em Honduras porque, no Brasil, a pesquisa com sementes geneticamente modificadas em campo é proibida. O Ministério do Meio Ambiente vem criando “toda a sorte de dificuldades” para que as pesquisas se desenvolvam. O “fundamentalismo bobo”, disse, impede a continuidade delas. O Palácio do Planalto está elaborando medida provisória prevendo a liberação do plantio e comercialização da soja transgênica. “O governo não cuidou de apressar uma legislação definitiva e estamos na iminência de uma nova crise. A MP deve resolver isso”. A medida, afirma Freire, está sendo tomada pelo governo porque “a atividade econômica não fica paralisada por problemas de preconceitos ideológicos, muito menos por fundamentalismos em relação à pesquisa ou à ciência”. A maior parte das plantações de soja no país, principalmente no Rio Grande do Sul, neste ano, serão feitas com sementes transgênicas, apesar da proibição. O PPS, disse o líder, vê a MP como um avanço, mas quer discutir a legislação definitiva. Em pronuciamento no plenário da Câmara, Freire lembrou que o historiador Eric Robsbawn alerta para o fato de que os movimentos verdes, apesar de terem surgido no século XX, contemporâneos de um mundo novo, têm um cunho conservador. “Que não se pense que a referência a verde sempre significa progresso”, disse. “Ser reativo à conquista dos transgênicos é um absurdo que só nos traz prejuízos e beneficia as grandes potências tecnológicas. Não permite ao país ser contemporâneo, de fato, desses avanços”, criticou.