O dólar fechou em queda nesta quarta-feira (6), com os investidores vendendo moeda norte-americana depois de atingir a máxima em quatro meses durante o dia e encostou em R$ 2,30.
A moeda norte-americana perdeu 0,4%, para R$ 2,2736.
"O dólar subiu muito nesses últimos dias, é difícil ter fôlego para subir muito mais nesta sessão. Mesmo assim, a questão da Ucrânia continua preocupando e isso limita o espaço para quedas", resumiu à Reuters o superintendente de câmbio da corretora Intercam, Jaime Ferreira.
A Rússia reuniu cerca de 20 mil tropas na fronteira do leste da Ucrânia e pode usar a desculpa de missão humanitária ou de manutenção da paz para enviá-los ao território ucraniano, disse a Otan em comunicado nesta quarta-feira.
A notícia intensifica as preocupações do mercado com a crise entre Kiev e Moscou, que já levou a União Europeia e os Estados Unidos a imporem sanções contra a Rússia. O mercado teme que o impasse se traduza em punições ainda mais duras.
Essas preocupações ajudaram na véspera o dólar a subir quase 1% ante o real, aproximando-se do patamar de R$ 2,30. Investidores já especulavam sobre a possibilidade de o Banco Central brasileiro agir para evitar novas altas, que tendem a pressionar a inflação.
"É normal que o mercado fique mais arisco quando o dólar chega nesses patamares porque o BC deu sinais no passado que não quer o dólar alto", disse à Reuters o operador de câmbio de uma corretora internacional. "Mas houve um movimento global de fortalecimento do dólar. Se não houver muita especulação ou volatilidade, acho que o BC deve continuar como está", acrescentou.
Intervenções do BC
Pela manhã, a autoridade monetária deu continuidade às suas intervenções diárias e vendeu a oferta total de até 4 mil swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares. Foram vendidos 1,5 mil contratos para 1º de junho de 2015 e 2,5 mil contratos para 2 de fevereiro de 2015, com volume correspondente a US$ 198,6 milhões.
O BC também vendeu a oferta total de até 8 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em setembro. Ao todo, o BC já rolou cerca de 12% do lote total, que corresponde a US$ 10,070 bilhões.
Desde o dia 31 passado, a moeda dos EUA se mantém acima de R$ 2,25 e, segundo analistas, não deve voltar abaixo desse nível tão cedo.
O dólar vinha oscilando entre R$ 2,20 e R$ 2,25 desde o início de abril, com breves exceções, intervalo que agradaria ao BC por não ser inflacionário e não prejudicar as exportações.
Com a cena externa mais pressionada, operadores acreditam que esse piso informal esteja se deslocando para cima, para perto dos R$ 2,25.