Caçado pelas polícias do Brasil e do Paraguai - onde estaria vivendo na fronteira -, o traficante internacional de armas e drogas José Paulo Vieira de Mello, o Paulo Seco, de 37 anos, é apontado como responsável por uma nova rota terrestre que faz chegar armamento e entorpecentes a cinco Estados brasileiros, de acordo com investigações da Polícia Federal (PF). Seco também é citado como homem de confiança do megatraficante preso Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar. Por isso, é acusado de ser mais um dos criminosos que tentam rearticular a quadrilha de Beira-Mar na fronteira entre os dois países. Segundo o delegado do Departamento de Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal do Rio Grande do Sul, Ildo Gasparetto, o traficante está escondido no lado paraguaio da fronteira desde maio. "Nesse mês, prendemos 12 integrantes do bando de Seco e, em seguida, o irmão dele, Everton Moisés Vieira de Mello. Depois disso, ele, que já passava muito tempo no Paraguai, se refugiou lá de vez. A Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai também está atrás dele. Vamos capturá-lo", afirma. Sobre a rota controlada por Seco ser terrestre, o delegado Gasparetto lembrou que é mais uma forma de fugir das leis que dificultam o tráfico de drogas e armas. "Com a Lei do Abate (que autoriza a derrubada de aeronaves consideradas suspeitas que entrem no território brasileiro), os criminosos mudaram a atuação. Seco, natural de Passo Fundo, Rio Grande do Sul, conhece a região e traçou um caminho que lhe facilita, mas não está sendo tão fácil", concluiu Gasparetto. Além do Brasil, o traficante também envia drogas para a Europa e armamento para Argentina e Uruguai. As investigações da PF indicam ainda que Seco, com pelo menos cinco mandados de prisão por tráfico, foi um dos alvos da investigação da Operação Conexão Sul, em 2001, que articulou equipes da PF de todo o País. Até a prisão de sua quadrilha, Seco chegou a receber no Sul uma tonelada de cocaína por mês. As apurações da PF apontam ainda que Seco tem "negócios" com outro gaúcho escondido no Paraguai: Erineu Domingos Soligo, o Pingo, parceiro de Beira-Mar, condenado por tráfico e lavagem de dinheiro. Ele seria sócio de Seco em quatro fazendas na fronteira do Paraguai com o Brasil onde se cultiva maconha. PCC e CV agem na fronteira do Paraguai Em 23 de julho, a reportaagem noticiou que as polícias Civil e Federal do Rio e a Secretaria Nacional Antidrogas (Senad) do Paraguai estavam investigando a rearticulação da quadrilha de Beira-Mar na fronteira, com o objetivo de enviar drogas e armas para o Brasil. Homens das facções criminosas Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV) integravam o bando. Dia 23 de agosto, a reportagem mostrou que arsenal com 228 armas, apreendido dia 12 do mesmo mês, em Pedro Juan Caballero, Paraguai, pela polícia daquele país, seria enviado para o Rio e São Paulo. A PF admite que Beira-Mar pode ter negociado o carregamento de dentro da cela da instituição, em Brasília, através de telefone celular. No dia seguinte, outra reportagem revelou que um quarto das armas e da munição que abastece o crime organizado no Brasil é desviado de quartéis da Argentina, Uruguai e Paraguai, segundo relatório da CPI do Tráfico de Armas. Um dia depois, se noticiou que escutas telefônicas feitas pelas polícias Federal e Civil do Rio Grande do Sul comprovaram o envolvimento de militares de países da tríplice fronteira no tráfico internacional de armas, incluindo um general uruguaio. Para reforçar o combate ao tráfico, a Senad ergueu quartel na divisa do Paraguai com o Mato Grosso do Sul. Segunda-feira, outro arsenal foi apreendido por policiais paraguaios e brasileiros em Pedro Juan Caballero. Havia 588 armas e 8.655 balas de vários calibres, material avaliado em R$ 2,1 milhões, que seria enviado para o Brasil em pequenas quantidades.